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PF indicia Bolsonaro e Eduardo; Moraes cobra explicações e envia relatório à PGR

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A Polícia Federal indiciou em 20 de agosto de 2025 o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pelos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O pastor Silas Malafaia foi incluído no mesmo inquérito, mas não chegou a ser indiciado. O caso tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

Decisão de Moraes

Após receber o relatório final da PF, Moraes deu 48 horas para a defesa de Jair Bolsonaro explicar suposto descumprimento de medidas cautelares, reiteração de condutas ilícitas e risco de fuga apontados pelos investigadores. Na sequência, o ministro determinou vista imediata dos autos à Procuradoria-Geral da República (PGR), que terá igual prazo para se manifestar sobre eventual denúncia.

Bolsonaro já é réu em outra ação penal no STF pela suposta tentativa de golpe de Estado e cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto. O julgamento desse processo está marcado para 2 de setembro na Primeira Turma da Corte.

Acusações contra Jair Bolsonaro

No relatório, a PF sustenta que o ex-presidente planejou deixar o país para frustrar a aplicação da lei penal. Mensagens extraídas de seu celular mostram uma minuta de pedido de asilo político ao presidente argentino Javier Milei, alterada dois dias depois da Operação Tempus Veritatis, em fevereiro de 2024, quando o passaporte de Bolsonaro foi apreendido. A autoria do documento é atribuída a Fernanda Bolsonaro, sua nora.

Os investigadores relatam ainda descumprimento das cautelares impostas em julho: proibição de uso de redes sociais e de contato com outros investigados. Segundo a PF, Bolsonaro ativou outro aparelho celular, orientou terceiros a publicar conteúdo em seu nome e utilizou quatro listas de transmissão no WhatsApp — “Deputados”, “Senadores”, “Outros” e “Outros 2” — para enviar mensagens e vídeos.

Também foram citados contatos com o ex-ministro Walter Braga Netto, preso, contrariando ordem judicial, além de movimentações financeiras consideradas atípicas: transferências de R$ 2 milhões para Eduardo Bolsonaro e de R$ 2 milhões para Michelle Bolsonaro um dia antes de depor à PF, além de operações de câmbio e saques fracionados.

Outro ponto mencionado é um documento localizado na sede do PL, intitulado “Privileged & Confidential Attorney Work Product Draft”, com perguntas sobre investigações da PF, decisões do STF e estratégias políticas relacionadas a Donald Trump e a eleições futuras.

Acusações contra Eduardo Bolsonaro

O deputado é alvo de investigação por articular, nos Estados Unidos, sanções contra autoridades brasileiras durante o governo Donald Trump. Para a PF, o objetivo era interferir no processo que apura a suposta tentativa de golpe de 2022 e garantir “anistia ampla, geral e irrestrita” aos envolvidos.

PF indicia Bolsonaro e Eduardo; Moraes cobra explicações e envia relatório à PGR - Imagem do artigo original

Imagem: Carlos Moura

Conversas de WhatsApp entre pai e filho indicam, de acordo com os investigadores, coordenação prévia de narrativas para pressionar o Judiciário e o Legislativo. Eduardo ressaltou o apoio de Trump e demonstrou receio de que o ex-mandatário norte-americano “virasse as costas” para Bolsonaro, o que enfraqueceria as demandas do ex-presidente. A PF também aponta tentativa do parlamentar de monopolizar a interlocução com autoridades dos EUA, inclusive para impedir tratativas conduzidas pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Investigação sobre Silas Malafaia

Incluído no inquérito em 14 de agosto, o pastor teve celulares apreendidos em uma busca pessoal no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, ao desembarcar de Lisboa. Ele está proibido de sair do país e de manter contato com outros investigados.

Segundo a PF, Malafaia exerce “influência direta” sobre a família Bolsonaro, validando publicações do ex-chefe do Executivo nas redes sociais e incentivando o descumprimento de medidas judiciais. A corporação atribui ao pastor ameaças a ministros do STF, orientação para conteúdos que associam anistia a benefícios comerciais com os EUA e oferta de produção de vídeos em inglês destinados a Donald Trump.

Com a manifestação da defesa e o parecer da PGR, caberá ao Supremo decidir se recebe ou não eventual denúncia contra Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro no âmbito desta investigação.

Com informações de Gazeta do Povo

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