Três dias depois de se reunir com Vladimir Putin no Alasca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu nesta segunda-feira (18) o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, além de líderes europeus e da Otan, na Casa Branca. Os encontros reforçaram a perspectiva de um entendimento que encerre a guerra iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022, mas deixaram em aberto quatro pontos centrais.
Quando e onde Putin e Zelensky se encontrarão?
Em publicação na rede Truth Social, Trump afirmou ter ligado para Putin a fim de preparar duas reuniões: a primeira, direta entre o líder russo e Zelensky; a segunda, com participação do próprio presidente norte-americano. Datas e local não foram definidos. Zelensky declarou, após a agenda em Washington, que não pretende impor condições para o encontro com Putin: “Devemos nos reunir incondicionalmente e pensar no caminho até o fim da guerra”, disse. Os dois presidentes se viram apenas uma vez, em Paris, em dezembro de 2019.
Território em troca de paz?
Depois da conversa no Alasca, Trump afirmou à Fox News que concorda com a possibilidade de Kiev ceder áreas ocupadas pela Rússia. Nesta segunda-feira, voltou ao tema na Truth Social, sugerindo que a Ucrânia abra mão da Crimeia — anexada em 2014 — e desista de ingressar na Otan. Moscou controla hoje cerca de 19% do território ucraniano, incluindo toda a região de Lugansk, grande parte de Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, além de bolsões em Sumy e Kharkiv.
No fim de semana, Zelensky admitiu aceitar o congelamento da linha de frente atual como ponto de partida para um cessar-fogo, mas lembrou que qualquer mudança permanente de fronteiras exige referendo nacional, conforme a Constituição ucraniana.
Que garantias de segurança serão oferecidas a Kiev?
Na Casa Branca, Trump prometeu “muita ajuda” para assegurar a defesa da Ucrânia caso o conflito seja suspenso. Segundo o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, detalhes serão discutidos “nos próximos dias”, e o envio de tropas ao território ucraniano não entrou em pauta. Uma opção considerada é um mecanismo semelhante ao Artigo 5 da Otan: ataque a Kiev seria tratado como agressão a todos os seus aliados. A proposta também foi discutida por Trump e Putin no Alasca, segundo o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff.

Imagem: Maria Senovilla
Quais punições aguardam Moscou se não houver acordo?
Em julho, irritado com o descumprimento de um cessar-fogo de 30 dias previamente combinado, Trump encurtou de 50 para dez dias o prazo para a Rússia negociar uma trégua, ameaçando tarifas de 100% sobre produtos russos e sanções secundárias a países que importem de Moscou. O prazo terminou na sexta-feira, dia do encontro no Alasca; após a reunião, Trump evitou falar em novas penalidades: “Talvez eu tenha que pensar nisso daqui a duas ou três semanas, mas não agora”, declarou à Fox News.
Apesar do avanço diplomático representado pelos encontros recentes, a definição de local e data para a cúpula Putin-Zelensky, a questão territorial, o formato das garantias de segurança e o eventual pacote de sanções mantêm o desfecho do conflito em aberto.
Com informações de Gazeta do Povo