A prática de comprar pequenos luxos para celebrar conquistas ou aliviar o estresse — batizada de “treat culture” — ganhou força entre jovens de 18 a 27 anos. Pesquisa do Bank of America com quase mil integrantes da Geração Z indica que mais da metade se presenteia pelo menos uma vez por semana, e 59% reconhecem gastar além do planejado.
Cookies, refrigerante e US$ 50 a menos
Naomi Barrales, 25 anos, assistente de marketing em Nova Jersey, ilustra a tendência. Depois de um atraso de 30 minutos no trem, ela comprou dois cookies veganos de bolo de aniversário para passar o tempo. O gesto se repetiu sempre que recebia elogios no trabalho. Com o tempo, acrescentou um refrigerante Poppi de US$ 1,50 — até pagando o dobro quando a máquina do escritório ficava vazia. Ao fim de um mês, percebeu que tinha US$ 50 a menos na conta.
Fenômeno impulsionado pelas redes
Embora o ato de se recompensar com pequenas compras exista há décadas, a Geração Z transformou o hábito em evento coletivo nas redes sociais. No TikTok, a hashtag sweet little treat meme soma mais de 23 milhões de vídeos com usuários exibindo cafés de US$ 12, sobremesas de US$ 5 ou chaveiros de US$ 30.
Para o pesquisador Jason Dorsey, coautor do livro “Zconomy”, o compartilhamento on-line normaliza e até estimula essas despesas. Já o professor Gregory Stoller, da Universidade de Boston, diz que, diante de preços altos, mercado de trabalho instável e metas distantes — como comprar a casa própria —, os mimos oferecem sensação temporária de controle.
Quando um croissant vira US$ 350 em suplementos
Alguns gastos escalam rapidamente. Formada em 2023, Angelina Aileen, 23 anos, mudou-se para Nova York para trabalhar como analista financeira e, pressionada pelas metas, desembolsou US$ 350 em suplementos recomendados por influenciadores. Arrependida, cancelou assinaturas e trocou o hábito por manicure e massagem duas vezes por mês.
Em 2022, a estudante Alanis Castro-Pacheco, hoje com 22 anos, comprou um baixo elétrico e um amplificador por US$ 500 após discussões no dormitório universitário. Ela agora faz aulas quinzenais de guitarra a US$ 75 cada para “recuperar” o investimento.

Imagem: Internet
Panificação turbinada pela Geração Z
Nos negócios, o apelo dos pequenos mimos aparece em lojas como a Angelina Bakery, em Nova York. Segundo o proprietário Tony Park, croissants gigantes de US$ 30 atraem cerca de 11 mil clientes por semana, e mais da metade pertence à Geração Z. “Eles podem não ter muito dinheiro em conta, mas gastam pela experiência”, afirma.
Planejamento para evitar surpresas
Holly O’Neill, executiva do Bank of America, recomenda que os jovens criem um orçamento realista ou busquem alternativas de custo zero, como bibliotecas. Barrales adotou a ideia: separa US$ 25 a cada duas semanas para seus mimos. “Estouro o orçamento de vez em quando? Sim. Mas, conhecendo meu hábito, prefiro organizar minhas contas ao redor dele”, diz.
Com informações de InfoMoney