NOVA YORK (13.ago.2025) — A procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, ajuizou nesta quarta-feira (13) uma ação civil contra a Early Warning Services, LLC, empresa que desenvolveu o aplicativo de pagamentos Zelle. O processo alega que golpistas conseguiram desviar US$ 1 bilhão de consumidores por falhas de segurança no serviço.
A Early Warning pertence a sete grandes bancos — Bank of America, Capital One, JPMorgan Chase, PNC Bank, Truist Bank, Wells Fargo e U.S. Bank —, mas as instituições não figuram como rés.
Principais pontos da ação
• Segundo a acusação, a companhia lançou o aplicativo às pressas para competir com PayPal e Venmo, sem implementar mecanismos de proteção adequados.
• A queixa sustenta que o processo de cadastro rápido e a pouca verificação de identidade facilitaram a inscrição de fraudadores, enquanto a exibição limitada de dados da conta receptora induziu vítimas ao erro.
• O gabinete de James afirma que a empresa tinha conhecimento da “fraude desenfreada”, mas não tomou medidas eficazes para contê-la.
• O estado pede restituição e indenização aos nova-iorquinos prejudicados, além de uma ordem judicial que obrigue a adoção de novos controles antifraude.
Resposta do Zelle
Em nota enviada à imprensa, o porta-voz Eric Blankenship classificou o processo como “manobra política” e cópia da ação protocolada em dezembro de 2024 pelo Bureau de Proteção Financeira do Consumidor (CFPB, na sigla em inglês), arquivada em março. Ele afirmou que “mais de 99,95% das transações no Zelle são concluídas sem qualquer relato de golpe ou fraude”.
Modalidades de golpe citadas
A petição descreve dois tipos recorrentes de fraude na plataforma:
• Takeover fraud — quando criminosos acessam indevidamente a conta da vítima (por invasão, obtenção de credenciais ou controle do dispositivo) e transferem valores para contas próprias.
• Induced fraud — quando o usuário é convencido a enviar dinheiro sob falsos pretextos. Um exemplo mencionado relata um golpista que se passou por funcionário da ConEdison e recebeu US$ 1.476,89 de uma vítima, que depois foi informada pelo banco de que não poderia reaver o montante.
Contexto regulatório
Esta é a segunda vez que a procuradora-geral move uma ação retomando temas abandonados pelo CFPB após a posse de Donald Trump para um segundo mandato. Em maio, James processou o Capital One por supostamente induzir clientes a acreditar que a conta 360 Savings oferecia juros mais altos; o banco nega. Em junho, o estado fechou acordo com a MoneyGram, que pagou multa de US$ 250 mil para encerrar litígio iniciado em 2022, caso semelhante ao que o CFPB arquivou em abril.

Imagem: forbes.com
O CFPB foi criado pelo Dodd-Frank após a crise de 2008. Em fevereiro, Russell Vought, diretor do Escritório de Gestão e Orçamento (OMB) nomeado por Trump, assumiu interinamente o órgão, suspendeu investigações e retirou ações em andamento.
Não há prazo definido para julgamento do caso em Nova York.
Com informações de Forbes