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Atraso no pagamento de prêmios expõe fragilidade financeira em ligas de atletismo

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Quem corre quer receber. Desde julho de 2025, atletas que competiram na recém-criada Grand Slam Track aguardam cerca de US$ 13 milhões em prêmios e cachês ainda não quitados, revelando um problema que vai além da liga estreante.

Demora da Grand Slam Track gera reação

A liga fundada pelo ex-velocista Michael Johnson prometeu iniciar os pagamentos no fim de julho, mas a primeira parcela não foi liberada, segundo reportagem do Front Office Sports. As dívidas vêm se acumulando desde as etapas de Kingston (128 dias), Miami (100 dias) e Filadélfia (73 dias).

Nas redes sociais, comparações com o polêmico Fyre Festival viralizaram, enquanto nomes como o multicampeão Carl Lewis pediram calma, lembrando que a Diamond League também leva semanas para concluir pagamentos.

Testes antidoping: o principal gargalo

Agentes que atuam no mercado dos Estados Unidos explicam que o dinheiro só é liberado após a aprovação nos controles antidoping. A Athletics Integrity Unit envia o sinal verde aos representantes dos atletas, etapa que pode levar mais de 30 dias.

Dados repassados pelo empresário e fundador da American Track League, Paul Doyle, indicam a duração desse processo em nove etapas da Diamond League 2025:

  • Xiamen: 39 dias
  • Xangai: 32 dias
  • Rabat: 22 dias
  • Doha: 31 dias
  • Roma: 26 dias
  • Estocolmo: 25 dias
  • Paris: 21 dias
  • Oslo: 29 dias
  • Mônaco: 17 dias

Em média, portanto, o aval chega pouco depois de um mês, prazo considerado aceitável por empresários, que costumam repassar o valor ao atleta tão logo o depósito seja feito.

Quanto está em jogo

Na temporada 2025, a Diamond League distribui cerca de US$ 9,2 milhões em prêmios e outros US$ 9 milhões em taxas promocionais. Vencedores de provas padrão recebem US$ 30 mil; nas disciplinas Diamond+ o valor sobe para US$ 50 mil.

O Campeonato Norte-Americano de Atletismo (USATF Outdoor) destinou US$ 1,1 milhão aos finalistas, sendo US$ 8.800 aos campeões, também condicionados ao controle antidoping.

Quando o patrocinador falha

Problemas de fluxo de caixa não se restringem aos testes. Johnson admitiu que a Grand Slam Track perdeu um investidor que retirou um compromisso de oito dígitos. Casos parecidos já ocorreram em outras competições: a American Track League, de Doyle, ficou sem o patrocínio principal da Puma e não realizou nenhuma etapa em 2025.

Para receber do patrocinador, explicam organizadores, é preciso cumprir uma série de exigências de entrega. Quando isso não acontece, o dinheiro não chega e, por consequência, os atletas ficam sem o prêmio.

Custo alto, margem apertada

Para atingir a categoria ouro do World Athletics Continental Tour, por exemplo, o organizador precisa oferecer US$ 200 mil em prêmios e arcar com pelo menos doze testes antidoping de urina. Em 2014, Doyle bancou cinco etapas da American Track League do próprio bolso, com gasto médio de US$ 85 mil por competição.

Propostas para penalizar atrasos

Um agente norte-americano ouvido pela reportagem defende sanções a quem não paga: perda de rótulos da World Athletics ou rebaixamento de categoria. Ele lembra que atrasos menores — geralmente até US$ 10 mil — são comuns, mas raramente chegam às cifras milionárias vistas agora.

No passado, casos extremos se arrastam por anos. O jamaicano Asafa Powell, por exemplo, nunca recebeu o cachê de uma prova disputada em Belgrado há quase duas décadas.

A combinação de exames antidoping demorados, dependência de patrocinadores e custos elevados ajuda a explicar por que o dinheiro nem sempre chega com a velocidade que os atletas demonstram na pista.

Com informações de Forbes

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