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Tensão entre Brasil e EUA se aprofunda após tarifa de 50% e sanções ligadas à Lei Magnitsky

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As relações diplomáticas entre Brasília e Washington enfrentam o momento mais delicado em anos. Em 12 de agosto de 2025, o governo dos Estados Unidos anunciou um aumento tarifário de 50% sobre produtos brasileiros, medida que atinge setores estratégicos da economia nacional e amplia o distanciamento entre os dois países.

Alinhamento com China e BRICS

O endurecimento norte-americano ocorre em meio ao fortalecimento dos laços do Brasil com a China e com os demais integrantes do BRICS (Rússia, Índia e África do Sul). Nas últimas semanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone com Narendra Modi, Vladímir Putin e Xi Jinping, mas ainda não manteve contato direto com Donald Trump, que voltou à Casa Branca.

A aproximação foi consolidada durante visita oficial de Lula a Pequim, que incluiu um jantar no qual a primeira-dama, Janja Lula da Silva, teria solicitado apoio chinês para regulamentar redes sociais no Brasil.

Impacto econômico da presença chinesa

No setor automotivo, montadoras chinesas como a BYD expandem rapidamente operações no país. O governo estuda reduzir o imposto de importação de peças automotivas, o que beneficiaria empresas asiáticas. As quatro maiores fabricantes instaladas no Brasil — Volkswagen, Toyota, General Motors e Stellantis — alertaram que, se a medida for aprovada, poderão reduzir investimentos previstos de R$ 180 bilhões para R$ 60 bilhões e eliminar até 15 mil empregos diretos e indiretos.

A influência de Pequim também se destaca na mineração. A China compra cerca de 280 milhões de toneladas de minério de ferro brasileiro por ano — volume mais de 14 vezes superior ao adquirido pelo segundo maior comprador, a Malásia. Companhias chinesas vêm adquirindo ativos de ferro, níquel, estanho, lítio e nióbio em Goiás, Mato Grosso, Pará e Bahia.

No agronegócio, o mercado chinês responde por 73% da soja, 59% da carne bovina e um terço do algodão exportados pelo Brasil, criando forte dependência do país asiático.

Preocupações de Washington com direitos humanos

Além do embate comercial, autoridades norte-americanas pretendem reforçar críticas à situação dos direitos humanos e das liberdades políticas no Brasil. Fontes indicam que o próximo relatório anual do Departamento de Estado trará menção explícita a decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), consideradas restritivas à liberdade de expressão.

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Imagem: Gazeta do Povo via gazetadopovo.com.br

O clima já estava tenso após a aplicação da Lei Magnitsky, que permite sanções contra indivíduos acusados de corrupção ou violações de direitos humanos. O pacote resultou no cancelamento de vistos de oito ministros do STF — entre eles Luís Roberto Barroso — e de familiares, incluindo o filho de Barroso que trabalhava nos EUA. Novas punições podem atingir outros magistrados e pessoas próximas ao ministro Alexandre de Moraes.

Guerra Fria 2.0 e cenário incerto

Analistas enquadram o contexto na chamada “Guerra Fria 2.0”, caracterizada pela disputa tecnológica e econômica entre Estados Unidos e China, em especial pelo controle de minerais estratégicos usados em semicondutores e tecnologias de ponta. A postura do governo brasileiro de privilegiar acordos com Pequim reforça a desconfiança de Washington.

Sem sinais de diálogo direto entre Lula e Trump e com a presença chinesa crescendo na economia brasileira, especialistas preveem que a distância entre Brasil e Estados Unidos tende a aumentar, afetando setores industrial, agrícola e de exportação mineral.

Com informações de Gazeta do Povo

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