Profissionais de saúde mental passaram a criar “gêmeos digitais” dos pacientes por meio de modelos de linguagem generativa, segundo artigo publicado em 12 de agosto de 2025 na Forbes. A tecnologia permite simular, em ambiente virtual, traços de personalidade e possíveis reações de clientes antes das sessões presenciais.
A funcionalidade é viabilizada pelos chamados personas, recurso presente na maioria dos grandes modelos de linguagem (LLMs). Ao receber dados sobre histórico clínico, anotações de sessões ou descrições gerais de comportamento, a IA constrói uma representação que espelha características psicológicas do paciente, prática classificada como gêmeo digital médico.
Como funciona
O método exige que o terapeuta alimente o sistema com informações coletadas do próprio atendimento. Muitos recorrem à técnica de retrieval-augmented generation (RAG) para incorporar transcrições e documentos. O objetivo é testar intervenções — por exemplo, variações da terapia cognitivo-comportamental ou da exposição gradual — sem riscos ao paciente real.
Benefícios e preocupações
Especialistas apontam vantagens como preparo prévio, maior personalização e possibilidade de treino clínico. Contudo, o uso levanta dúvidas sobre privacidade, confidencialidade e cumprimento de normas como a HIPAA nos Estados Unidos. Há também receio de dependência excessiva dos resultados da IA, que pode superestimar ou subestimar traços e induzir o profissional a interpretações equivocadas.
Contexto do mercado
O interesse por soluções de IA na saúde mental cresce junto ao uso massivo de ferramentas como o ChatGPT, que registra aproximadamente 700 milhões de usuários ativos por semana. Consultas sobre bem-estar emocional figuram entre as principais demandas do público, conforme a Forbes.
Evolução do conceito
A ideia de gêmeos digitais surgiu na indústria para simular máquinas de fábrica e, posteriormente, migrou para a área médica. Pesquisa publicada em 7 de março de 2024 na revista Frontiers in Digital Health afirma que modelos personalizados ainda estão nos estágios iniciais de desenvolvimento e que a complexidade biológica humana apresenta desafios adicionais.

Imagem: forbes.com
Embora alguns estudiosos defendam que corpo e mente não possam ser separados em simulações, o artigo da Forbes destaca iniciativas focadas apenas em dinâmicas psicológicas. A prática exige consentimento formal do paciente ou anonimização rigorosa dos dados, segundo orientações legais mencionadas pelo autor.
O tema deve continuar em debate, à medida que novas publicações detalhem avanços e riscos relacionados ao emprego de gêmeos digitais no consultório.
Com informações de Forbes