Com a proximidade dos Jogos Olímpicos de Inverno de Milão-Cortina, marcados para 6 a 22 de fevereiro de 2026, companhias italianas intensificam ações para atrair turistas e consumidores chineses, impulsionados pelo crescente interesse da China pelos esportes de neve.
Segundo Lorenzo Riccardi, presidente da Câmara de Comércio China-Itália, o país europeu mira esse público para movimentar setores de turismo, hotelaria, moda e equipamentos esportivos. A entidade, sediada em Pequim, reúne cerca de 800 associados.
Mercado chinês em expansão
O número de visitas a estações de esqui chinesas somou 23 milhões entre maio de 2023 e abril de 2024, alta de 16% em 12 meses e mais que o dobro de uma década atrás, indica o China Ski Industry White Book. No mesmo período, o total de resorts abertos ao público chegou a 719, 22 a mais que no ano anterior.
A ascensão acompanha o desempenho da China nos Jogos de Inverno de Pequim, em 2022, quando o país conquistou 15 medalhas — nove de ouro — e alavancou a popularidade dos esportes de neve. Marcas de luxo como Prada e Giorgio Armani já exploram o segmento como novo nicho.
Experiência italiana e oportunidade olímpica
A Itália, quarta colocada em visitas a pistas de esqui em 2024 com 32 milhões de entradas, aposta na tradição alpina para receber os chineses. O histórico inclui a realização das Olimpíadas de Inverno em Cortina d’Ampezzo (1956) e Turim (2006), além da edição de verão em Roma (1960). Empresas como a TechnoAlpin, fornecedora de neve artificial nos Jogos de Pequim, destacam a expertise nacional.
Cenário econômico e busca por novos parceiros
Tarifas dos Estados Unidos de 15% sobre produtos europeus pressionam exportações italianas e reforçam a busca por mercados na Ásia, afirma Riccardi. O comércio bilateral entre Itália e União Europeia com a China atingiu US$ 36 bilhões no primeiro semestre de 2025, estável em relação ao ano anterior. Visitas oficiais do vice-premiê Matteo Salvini, em julho, e da primeira-ministra Giorgia Meloni, em 2024, reforçaram a cooperação.

Imagem: Russell Flannery via forbes.com
Desafios e perspectivas
Empresas estrangeiras seguem enfrentando forte competição local, tensões geopolíticas e custos operacionais crescentes na China. Ainda assim, o PIB chinês, previsto para crescer 5% em 2025, e o aumento do poder de compra da classe média são vistos como motores para produtos “Made in Italy”, especialmente quando aliados a parcerias de longo prazo com grupos chineses.
Para aproveitar a onda olímpica, a Câmara de Comércio China-Itália dedicará seu encontro anual Notte Italiana, em Pequim, em novembro, aos esportes de inverno e à cultura. Entre os patrocinadores chineses confirmados para Milão-Cortina 2026 estão Alibaba, Mengniu e TCL.
Com informações de Forbes