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Tensões com EUA e aproximação de Lula a Rússia e China colocam aquisições militares em risco

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A compra de 12 helicópteros UH-60M Black Hawk e mais de 200 mísseis antitanque Javelin pelos militares brasileiros corre o risco de sofrer atrasos ou até ser suspensa em razão do acirramento de divergências diplomáticas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o mandatário norte-americano Donald Trump, além do alinhamento do Palácio do Planalto com Rússia e China.

Pressão sobre contratos com os Estados Unidos

Os helicópteros, avaliados em US$ 451 milhões, e os lançadores Javelin, orçados em cerca de US$ 74 milhões, foram autorizados por Washington dentro do programa Foreign Military Sales (FMS) ainda na gestão de Jair Bolsonaro, quando o Brasil recebeu o status de aliado extra-Otan. Embora a Casa Branca, já sob Joe Biden, tenha mantido o aval em 2024, analistas alertam que o ambiente político atual pode levar a novos bloqueios ou restrições logísticas.

O pacote americano inclui 34 motores de reposição, 28 sistemas de navegação Honeywell Eagle-M e 24 rádios, além da permissão para futuras compras de até US$ 500 milhões sem necessidade de novas autorizações individuais.

Preocupação no Alto Comando

Fontes do Alto Comando do Exército admitem a tensão, mas avaliam que projetos firmados com outras nações ocidentais, como França e Suécia, tendem a permanecer. Mesmo assim, militares ouvidos reservadamente receiam impactos na manutenção dos atuais Black Hawk e em programas de treinamento com os EUA.

Submarinos franceses e caças suecos sob alerta

Entre os acordos considerados vulneráveis está o Programa de Submarinos (Prosub), firmado com a França em 2008 para construir quatro unidades convencionais — três já concluídas — e um modelo de propulsão nuclear. A cooperação depende do fornecimento de peças francesas, incluindo torpedos produzidos somente naquele país. Especialistas temem que a proximidade brasileira com Moscou levante suspeitas de eventual repasse de tecnologia a terceiros.

Questionamentos semelhantes surgem no projeto dos 36 caças Gripen, desenvolvido com a Suécia. Desde que Estocolmo ingressou na Otan, técnicos suecos demonstram preocupação com um possível vazamento de dados sensíveis caso o Brasil aprofunde laços com a Rússia. A Força Aérea Brasileira recebeu oito aeronaves, mas ainda não teve acesso pleno ao código-fonte dos sistemas de combate.

Senado convoca ministro da Defesa

Em meio às incertezas, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, prestará esclarecimentos à Comissão de Relações Exteriores do Senado na próxima quinta-feira, 14 de agosto, às 10h. O requerimento foi feito pelo senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que cita “instabilidade nos fóruns multilaterais de segurança” como motivo para a audiência. Marinha, Exército e Aeronáutica também foram convidados.

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Imagem: Sargento Johnson via gazetadopovo.com.br

Ofensiva russa na América Latina

Analistas apontam que Moscou intensifica há anos a chamada “ofensiva de charme” na região, usando lobby empresarial e propaganda digital para oferecer armas e tecnologia. A postura de Trump, que passou a enquadrar o Brasil como ator importante na disputa estratégica com a China, reforça o interesse russo em firmar parcerias militares em território brasileiro.

Dependência industrial exposta

Projetos como o cargueiro KC-390, da Embraer, que utiliza vários componentes norte-americanos, também podem ser afetados por uma quebra de confiança. Há ainda apreensão quanto à possível entrada da estatal chinesa Norinco no capital da fabricante brasileira Avibras, proposta que provocou resistência em Brasília no ano passado.

Segundo o doutor em Direito Internacional Luiz Augusto Módolo e o especialista em defesa Marcelo Almeida, qualquer percepção de ambiguidade brasileira pode comprometer o acesso a tecnologias avançadas e gerar sanções de países membros da Otan.

Com informações de Gazeta do Povo

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