Brasília – A ligação prevista para esta quarta-feira (13) entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, foi cancelada. O diálogo pretendia discutir a tarifa de 50% aplicada por Washington a produtos brasileiros, mas, segundo especialistas, não havia expectativa de avanços imediatos.
Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial e ex-diretor executivo do FMI, avaliava que a conversa poderia, ao menos, restabelecer um canal entre os dois governos. “Bessent provavelmente afirmaria que a política comercial está nas mãos da Casa Branca, mas o encontro abriria espaço para uma agenda diferente da delineada até agora por Donald Trump”, afirmou.
Tarifa atinge exportadores
Em 31 de julho, o presidente norte-americano assinou ordem elevando para 50% o imposto sobre produtos vindos do Brasil, mantendo, porém, quase 700 itens na lista de exceções. Ficaram de fora setores como café, frutas e carnes, que pressionam por tratamento diferenciado.
Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), esperava que o diálogo de Haddad com Bessent abrisse caminho para incluir o café entre os itens isentos. “A relação bilateral é a base para conseguirmos condições similares às de outros países”, disse.
O Brasil é o maior produtor de café do mundo e, segundo a entidade, único capaz de suprir a crescente demanda norte-americana. Para a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS), a alíquota de 50% coloca o país em desvantagem: enquanto o México venderá sem imposto e outros fornecedores pagarão de 10% a 27%, o produto brasileiro arcará com a tarifa cheia.
Imagem: REUTERS via infomoney.com.br
Agenda não oficial e expectativa frustrada
A reunião telefônica não constava na agenda pública do Ministério da Fazenda. Na semana passada, porém, Haddad declarou ter recebido e-mail confirmando data e horário. Ele também disse que, a depender do resultado, poderia haver um encontro presencial posterior.
Com o cancelamento, exportadores seguirão sem um canal formal para renegociar a sobretaxa, considerada prejudicial à competitividade de diversos segmentos do agronegócio brasileiro.
Com informações de InfoMoney
