Buenos Aires – A Argentina deverá registrar expansão de 5,5% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, segundo projeção divulgada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no Panorama Econômico Mundial apresentado no fim de julho, em Washington. O resultado, se confirmado, colocará o país na segunda posição entre as 25 maiores economias do planeta, atrás apenas da Índia, estimada em 6,4%.
O relatório do FMI incluiu países com os 20 maiores PIBs e outras dez nações fora desse grupo. A Argentina aparece com o 24º maior PIB global em 2025 e supera, em ritmo de crescimento, economias como China (4,8%), Indonésia (4,8%) e Brasil (2,3%).
Indicadores domésticos
Desde a posse de Javier Milei, em dezembro de 2023, o governo adotou a política de déficit zero, cortou subsídios, reduziu ministérios, iniciou privatizações e eliminou controles cambiais. Dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) mostram:
- Inflação mensal caiu de 25,5% em dezembro de 2023 para 1,6% em junho de 2025.
- Índice acumulado em 12 meses recuou de 211,4% para 39,4% no mesmo período.
- A taxa de pobreza nas áreas urbanas ficou em 28,6% no segundo semestre de 2024, 13,9 pontos percentuais abaixo dos seis primeiros meses daquele ano.
- No primeiro trimestre de 2025, o PIB cresceu 5,8% ante igual período de 2024.
- Salários formais avançaram 2,4% em maio, superando a inflação de 1,5% registrada no mês.
Avaliação do FMI
Para o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, a “forte recuperação” argentina é resultado de avanços na confiança, no crédito e nos salários reais, impulsionados pela desinflação. A expectativa do fundo é que a inflação termine 2025 entre 18% e 23% ao ano. Para 2026, o FMI manteve a projeção de alta do PIB em 4,5%.
Desafios apontados por especialistas
Allan Gallo, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirmou que o equilíbrio fiscal foi decisivo para restaurar previsibilidade, mas ressaltou entraves como mercado de trabalho instável, alta informalidade e necessidade de recompor reservas internacionais. Segundo ele, atrair dólares mantidos fora do sistema bancário depende de “confiança institucional” sustentada.

Imagem: Juan Ignacio Roncoroni via gazetadopovo.com.br
O pesquisador observa ainda que a aproximação de Milei com o ex-presidente americano Donald Trump pode facilitar negociações, mas não substitui fundamentos econômicos como estabilidade de regras e previsibilidade.
Com o crescimento projetado e a desaceleração da inflação, o governo argentino busca consolidar a recuperação econômica enquanto enfrenta os desafios sociais e a vulnerabilidade externa.
Com informações de Gazeta do Povo