Brasília, 9 de agosto de 2025 – A resposta do governo brasileiro às novas tarifas dos Estados Unidos vem sendo conduzida pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que descarta retaliações imediatas e aposta em ampliar as exceções já obtidas junto a Washington.
45% das exportações já fora da taxação
Segundo Alckmin, 694 itens ― o equivalente a 45% do valor exportado pelo Brasil aos EUA em 2024 ― foram excluídos do aumento tarifário. Entre os produtos beneficiados estão aeronaves, suco de laranja, celulose, derivados de petróleo e pasta química de madeira.
O vice-presidente classificou a medida norte-americana, que pode elevar taxas a mais de 30%, como “extremamente injusta” e “sem base jurídica sólida”. Ele ressaltou que a tarifa média brasileira sobre produtos dos EUA é de 2,7%, e oito em cada dez itens americanos entram hoje no país livres de imposto.
Socorro a exportadores será anunciado por Lula
Para atenuar o impacto sobre as empresas afetadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve divulgar, nos próximos dias, um pacote de apoio que poderá incluir linhas de crédito com juros subsidiados, adiamento de tributos federais e compras públicas de produtos perecíveis. As medidas serão direcionadas aos maiores exportadores atingidos pelas tarifas.
Próximos temas na mesa bilateral
Além do esforço para expandir a lista de isenções, o governo pretende abrir diálogo futuro sobre regulação de big techs, acesso a minerais críticos e políticas para data centers, na tentativa de equilibrar a relação comercial com os EUA, principais compradores de itens de maior valor agregado como aviões, autopeças e máquinas brasileiras.
Imagem: Cadu Gomes via gazetadopovo.com.br
Motivação política do tarifaço
No Palácio do Planalto, a ação do ex-presidente Donald Trump é vista como resposta política ao julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, episódio que o norte-americano descreveu como “caça às bruxas”. Alckmin afirmou que “não se pode fazer política regulatória baseada em questões político-partidárias”.
Perdas projetadas pela indústria
Estudo da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) estima queda de R$ 25,8 bilhões no PIB e eliminação de 146 mil postos de trabalho no curto prazo (até dois anos). Em cinco a dez anos, o impacto pode chegar a R$ 110 bilhões e mais de 618 mil vagas perdidas, com redução de R$ 11,56 bilhões na renda das famílias.
Com informações de Gazeta do Povo
