Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou nesta sexta-feira (8) ser favorável à aplicação de sanções aos parlamentares que permaneceram na mesa diretora da Casa por cerca de dois dias em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A ocupação começou na terça-feira (5) e terminou na noite de quarta-feira (6), após negociação para que o grupo deixasse o local. Segundo Motta, a Mesa Diretora se reúne ainda nesta tarde para decidir sobre eventuais punições, que podem atingir tanto os deputados que se recusaram a desocupar a mesa quanto aqueles que teriam cometido agressões durante o ato.
“Não é decisão exclusiva do presidente; é da Mesa Diretora”, afirmou o parlamentar à CNN Brasil. “Estamos analisando imagens desde ontem e houve agressões que não podem ser toleradas. Individualmente, acho que deve haver punição para evitar que o episódio se repita.”
Possíveis sanções
Motta citou como referência as suspensões de três meses impostas, em ocasiões distintas, a Gilvam da Federal (PL-ES) e André Janones (Avante-MG). Caso a Mesa opte por penalizar os envolvidos na ocupação, o processo será encaminhado ao Conselho de Ética para decisão final.
Irritação e negação de acordo
O presidente da Câmara relatou ter sido impedido de sentar-se na cadeira da Presidência pelo deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) logo após o fim da ocupação. Ele também negou qualquer compromisso para colocar em votação o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. “Não houve negociação de pauta para retomar a normalidade”, disse.

Imagem: Marina Ramos via gazetadopovo.com.br
Cenário de tensão entre Poderes
Para Motta, a relação entre Legislativo e Judiciário vive momento delicado. Ele criticou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que, segundo ele, interferem no trabalho do Congresso, citando a liminar do ministro Alexandre de Moraes que restabeleceu decreto do Executivo sobre aumento da alíquota do IOF. “Transparece que o que é decidido pelos representantes do povo não está sendo respeitado”, declarou.
Na avaliação do deputado, esse ambiente de atrito se agrava pelo fato de haver um ex-presidente preso e o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já articulando a campanha de reeleição de 2026.
Com informações de Gazeta do Povo