Washington, 7 ago. 2025 – A Casa Branca informou nesta quarta-feira (6) que as negociações de paz com Moscou avançaram, mas reiterou que um pacote de “tarifas secundárias” continua pronto para ser aplicado caso a Rússia não aceite um cessar-fogo definitivo na Ucrânia até sexta-feira (8), prazo fixado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo fontes do governo ouvidas pela agência Reuters, a medida miraria países que mantêm compras expressivas de petróleo, diesel e derivados russos, considerados responsáveis por abastecer indiretamente o esforço de guerra de Vladimir Putin. Entre os mais expostos estão China, Índia e Brasil, além de Turquia, Vietnã, Belarus, Hungria, Eslováquia, Azerbaijão, Malásia e outras nações da Ásia Central.
Grandes importadores de petróleo russo
Dados de 2024 do banco de dados comercial das Nações Unidas, divulgados pela revista Time, apontam a China como o maior comprador de petróleo russo, com US$ 62,5 bilhões. No total, Pequim importou US$ 128 bilhões em produtos da Rússia no ano passado. A Índia aparece em seguida, com US$ 52,7 bilhões em petróleo e derivados.
A Turquia adquiriu US$ 44 bilhões em bens russos, enquanto o Brasil importou cerca de US$ 11,6 bilhões. No caso brasileiro, 39,1% do diesel comprado no primeiro semestre deste ano teve origem russa, de acordo com o Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA), o que faz do país o segundo maior comprador mundial de diesel de Moscou.
O Vietnã, que realizou sua primeira grande aquisição de nafta russa em junho, também pode entrar no alcance das tarifas. Hungria, Eslováquia, Azerbaijão, Malásia, Cazaquistão e Belarus completam a lista de principais clientes do Kremlin.
Tarifas já em vigor e novas punições
China e Brasil já enfrentam tarifas elevadas nos EUA. Nesta quarta, Trump anunciou mais 25 pontos percentuais sobre produtos indianos, elevando a taxação total cobrada de Nova Déli para 50 %. A decisão veio após a Índia recusar-se a interromper as compras de petróleo russo.

Imagem: Shawn Thew via gazetadopovo.com.br
Na coletiva realizada na Casa Branca, o presidente advertiu que “qualquer nação que mantenha importações significativas de energia de Moscou” poderá sofrer tarifas adicionais ou sanções financeiras. “Todos concordam que essa guerra precisa acabar, e vamos trabalhar para isso nos próximos dias e semanas”, disse, sem revelar detalhes das conversas com o governo russo.
Vulnerabilidade brasileira
A dependência de diesel e fertilizantes russos torna o Brasil um dos países mais suscetíveis às possíveis punições. Atualmente já incide tarifa de 50 % sobre itens brasileiros como café, têxteis, açúcar, calçados e carne bovina. Especialistas alertam que substituir rapidamente os fornecedores russos seria complexo e custoso, sobretudo para o agronegócio e o setor de transportes.
O plano de tarifas secundárias permanece pronto para ser acionado caso não haja acordo de cessar-fogo até sexta-feira. Se implementadas, as barreiras poderão restringir ainda mais o acesso de Brasil, China, Índia e demais importadores de petróleo russo ao mercado norte-americano.
Com informações de Gazeta do Povo