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Juíza federal suspende por duas semanas obra do centro de detenção “Alligator Alcatraz” na Flórida

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Miami, 7 de agosto de 2025 – A juíza federal Kathleen Williams determinou nesta quinta-feira (7) a suspensão temporária das obras do centro de detenção de imigrantes apelidado de “Alligator Alcatraz”, instalado em uma pista aérea desativada nos Everglades, sul da Flórida. A decisão vale por 14 dias e impede a realização de novos aterros, pavimentações ou instalação de infraestrutura no local.

A medida foi tomada um dia depois de a magistrada ouvir argumentos de organizações ambientais e do povo Miccosukee, que processam o Departamento de Segurança Interna (DHS), a Divisão de Gestão de Emergências da Flórida e o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE). Os autores acusam as autoridades de permitir a construção sem estudos previstos na legislação ambiental federal, como a Lei de Espécies Ameaçadas.

Processo e partes envolvidas

A ação, aberta em 27 de junho pelos grupos Friends of the Everglades e Center for Biological Diversity, cita como réus a secretária do DHS, Kristi Noem, o diretor interino do ICE, Todd Lyons, e o chefe da Defesa Civil da Flórida, Kevin Guthrie, além do condado de Miami-Dade. A tribo Miccosukee aderiu ao processo em 30 de julho, alegando que a unidade fica a cerca de 20 minutos da principal reserva indígena e ameaça áreas sagradas.

Os demandantes pedem uma liminar para parar as operações e qualquer expansão do complexo. Durante a audiência, solicitaram ainda uma ordem de restrição que impedisse obras enquanto o mérito é analisado — pedido parcialmente atendido com a suspensão de duas semanas. Williams observou que, qualquer que seja o resultado do caso, estruturas já erguidas possivelmente permanecerão no terreno.

Características do centro

O “Alligator Alcatraz” custou aproximadamente US$ 450 milhões e foi concluído em oito dias sobre o antigo aeródromo Dade-Collier, pertencente ao condado de Miami-Dade. O local reúne grandes tendas brancas e fileiras de beliches, com capacidade para até 5 mil detidos. O apelido foi cunhado pelo procurador-geral da Flórida, James Uthmeier, em 19 de junho, ao destacar o isolamento e a fauna típica dos Everglades.

Levantamento publicado pelo Miami Herald em julho listou 700 pessoas já detidas ou previstas para detenção; mais de 250 não tinham condenações criminais nem acusações pendentes, apesar de declarações do ex-presidente Donald Trump, do governador Ron DeSantis e de Kristi Noem de que o espaço abrigaria “psicopatas perigosos”.

Em entrevistas à Associated Press, imigrantes relataram condições que descrevem como desumanas: celas semelhantes a “gaiolas de zoológico”, infestação de mosquitos, grilos e sapos, falta de banho e piso com urina e fezes.

Planos de expansão para outros estados

Noem afirmou em julho manter conversas com cinco governadores republicanos sobre novos acampamentos. Em 5 de agosto, anunciou que o próximo projeto será o “Speedway Slammer”, em Miami County, Indiana. O governador Mike Braun informou em 1º de agosto que a prisão estadual Miami Correctional Facility, de segurança máxima e capacidade para 3.100 pessoas, reservará até 1.000 vagas para imigrantes. Já o governador da Carolina do Sul, Henry McMaster, não descartou implantar estrutura semelhante no estado.

Por ora, o centro nos Everglades continua operando, mas qualquer ampliação está proibida até nova análise judicial.

Com informações de Forbes

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