A entrada em vigor, nesta quarta-feira (6), da nova tarifa dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros estimulou exportadores a antecipar embarques e levou o Porto de Santos a atingir, em julho, o maior volume mensal de sua história: mais de 17 milhões de toneladas movimentadas.
Anunciado em 9 de julho pelo presidente norte-americano Donald Trump, o aumento de até 50% nas alíquotas provocou incerteza entre empresas brasileiras. Antes mesmo de conhecer a lista de 694 itens isentos, exportadores aceleraram os despachos. A confirmação, em 30 de julho, de que cargas enviadas ou já em trânsito antes da data-limite pagariam apenas a tarifa básica de 10% intensificou a corrida nos últimos dias do mês.
Desempenho por tipo de carga
Dados preliminares da Autoridade Portuária de Santos (APS) apontam crescimento em quase todas as categorias:
- Granéis sólidos – alta de 10% ante julho de 2024, somando 900 mil toneladas;
- Carga conteinerizada – avanço de 4%, alcançando 200 mil toneladas;
- Carga solta – aumento de 9%, totalizando 85 mil toneladas;
- Granéis líquidos – estimativa de expansão de 10%, com números finais ainda em apuração.
Segundo o presidente da APS, Anderson Pomini, o resultado comprova “a resiliência e a eficiência” do complexo portuário, que manteve operações regulares mesmo com eventuais fechamentos de canal por condições climáticas e sem registrar gargalos viários no mês.
Principal rota para os EUA
No primeiro semestre de 2024, Santos concentrou 33,6% das exportações brasileiras destinadas aos Estados Unidos, de acordo com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil). Os EUA aparecem como segundo maior destino das mercadorias que saem do porto (22%), atrás da China (47%).
O desempenho reflete o peso da economia paulista. Entre janeiro e junho de 2024, o estado respondeu por 31,9% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano, equivalentes a US$ 6,4 bilhões. Aeronaves da Embraer e sucos de frutas, que escaparam da sobretaxa de 50%, lideraram a pauta.

Imagem: Pedro Cavalcante via gazetadopovo.com.br
Estudo do FGV Ibre mostra que apenas 11,9% dos produtos paulistas estão na lista de isenções, mantendo a indústria local particularmente exposta ao tarifaço. Ainda assim, o instituto avalia que o impacto sobre o setor produtivo tende a ficar em níveis de baixo a médio risco, graças à maior resiliência econômica do estado.
Com o movimento recorde de julho, a APS projeta manter o ritmo elevado nos próximos meses, enquanto exportadores e importadores buscam se adequar ao novo cenário tarifário imposto por Washington.
Com informações de Gazeta do Povo