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Disputa por redesenho de distritos no Texas amplia tensão entre Trump, republicanos e democratas

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Uma ofensiva para redesenhar o mapa eleitoral do Texas, articulada pelo Partido Republicano com apoio direto da equipe do ex-presidente Donald Trump, abriu uma nova frente de conflito político nos Estados Unidos.

Pressão de Trump e sessão especial

O movimento ganhou força em junho, quando assessores de Trump pediram aos líderes republicanos texanos que buscassem, de forma “implacável”, ampliar o número de cadeiras do partido na Câmara dos Deputados. Atendendo ao pedido, o governador Greg Abbott convocou uma sessão legislativa extraordinária. Nela, os republicanos avançaram com um plano que pode render até cinco novos distritos favoráveis ao partido, em uma Câmara atualmente dividida por diferença apertada.

Para impedir a votação, dezenas de deputados estaduais democratas deixaram o Texas, manobra que paralisou temporariamente o processo. Mesmo assim, os republicanos mantêm a expectativa de consolidar o novo desenho distrital antes das eleições legislativas de meio de mandato, em 2022.

Gerrymandering volta ao centro do debate

A prática de manipular fronteiras eleitorais — conhecida como gerrymandering — tem raízes em 1812, mas ganhou novo impulso após decisão da Suprema Corte dos EUA em 2019. Por maioria apertada, os juízes determinaram que tribunais federais não têm competência para julgar contestações de gerrymandering partidário, transferindo a responsabilidade para cada estado.

Naquele ciclo de redistritamento, os republicanos controlavam o desenho dos mapas em 19 estados, contra sete sob comando democrata, segundo o Brennan Center. Esse desequilíbrio, fruto de sucessivas vitórias republicanas em legislaturas estaduais, ampliou o espaço para ajustes distritais que reduzem a competitividade eleitoral: em 2024, apenas 8% das disputas para o Congresso foram decididas por menos de cinco pontos percentuais.

Reação democrata enfrenta obstáculos

Democratas aplicaram táticas semelhantes em Illinois, Maryland e Nevada, mas encontram limitações em locais onde os eleitores instituíram comissões independentes, como Arizona, Califórnia, Colorado e Michigan. Em Nova York, um mapa agressivo desenhado em 2022 foi rejeitado pela Justiça, obrigando o partido a adotar versão mais contida para 2024.

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Imagem: infomoney.com.br

Diante do avanço republicano, nomes como o ex-procurador-geral Eric Holder defendem “medidas extraordinárias” para equilibrar o jogo. A deputada Jamie Raskin (Maryland) qualificou a disputa como “corrida para o fundo do poço”.

Próximos alvos e mudanças em debate

Aliados de Trump miram estados sob controle republicano — Flórida, Indiana, Missouri e New Hampshire — para repetir a estratégia texana. Do lado democrata, surgem propostas para contornar barreiras internas: a governadora de Nova York, Kathy Hochul, cogita alterar a Constituição estadual e extinguir a comissão independente de redistritamento; na Califórnia, o governador Gavin Newsom sugeriu submeter novos mapas a referendo ainda neste ano, mantendo o modelo de comissão para 2030.

Enquanto cada partido busca consolidar vantagem estrutural, especialistas alertam que a escalada do gerrymandering pode reduzir ainda mais a competitividade eleitoral e influenciar diretamente a composição do Congresso nas próximas legislaturas.

Com informações de Infomoney

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