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Tarifa de 50% dos EUA desencadeia retirada de R$ 6,3 bilhões da B3 em julho

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A decisão do ex-presidente norte-americano Donald Trump de elevar para 50% a tarifa sobre produtos brasileiros desencadeou a pior fuga de capital estrangeiro da B3 em um mês de julho desde 2021. Dados da bolsa indicam saída líquida de R$ 6,3 bilhões no mês passado, volume superado apenas pelos R$ 8,25 bilhões retirados em julho de 2021.

Reversão após carta de 9 de julho

A mudança no fluxo ocorreu a partir de 9 de julho, quando Trump comunicou o aumento tarifário em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até então, 2025 registrava forte entrada de recursos: no primeiro semestre, o saldo positivo somou R$ 26,4 bilhões, o maior para o período em três anos, impulsionando valorização de 15,4% do Ibovespa – melhor desempenho semestral desde 2016.

Mesmo com a saída de julho, o saldo de capital externo na bolsa em 2025 permanece positivo em R$ 20,6 bilhões, mas ainda não compensa os R$ 24 bilhões que deixaram o mercado no segundo semestre de 2024, quando o dólar alcançou recorde de R$ 6,35 em 19 de dezembro.

Aversão ao risco e juros americanos

Analistas apontam que a retirada reflete aversão ao risco em mercados emergentes diante da incerteza global. Para Carlos Braga Monteiro, presidente do Grupo Studio, tensões comerciais e desafios fiscais internos ampliam a percepção de risco no Brasil.

Rodrigo Miotto, da Nippur Finance, observa que o tarifaço contribuiu para a manutenção da Selic em 15% ao ano, anunciada pelo Banco Central em 30 de julho, mas o diferencial de juros em relação aos Estados Unidos perdeu atratividade depois de o Federal Reserve manter, pelo quinto encontro seguido, a taxa entre 4,25% e 4,5% ao ano. Segundo a ferramenta CME FedWatch, o mercado atribui de 60% a 64% de chance de corte de 0,25 ponto percentual já em setembro, subindo para quase 90% até o fim de 2025.

Impacto setorial e perspectivas

Apesar de quase 700 exceções incluídas pelos Estados Unidos, o Brasil figura como o país mais atingido pela nova política tarifária. O setor agroexportador é apontado como o mais vulnerável. Para Pedro Ros, da Referência Capital, “o momento exige cautela”, mas também pode abrir espaço para oportunidades caso o país preserve estabilidade institucional.

Tarifa de 50% dos EUA desencadeia retirada de R$ 6,3 bilhões da B3 em julho - Imagem do artigo original

Imagem: criada utilizando Dall-E via gazetadopovo.com.br

Relatórios de bancos como o Bradesco BBI continuam a ver os ativos brasileiros entre os mais baratos do mundo e mantêm o Brasil como principal aposta na América Latina. A expectativa de parte do mercado é que o Ibovespa retome fôlego no segundo semestre, apoiado por eventual início de ciclo de afrouxamento monetário e pela aproximação das eleições presidenciais de 2026.

Mesmo assim, Miotto lembra que o capital estrangeiro em ações é “meramente especulativo” e pode sair com a mesma rapidez com que entra. Já o analista de contas públicas Murilo Viana alerta para possíveis reflexos do embate tarifário sobre o investimento direto produtivo, especialmente diante da forte integração econômica do Brasil com Estados Unidos e Europa.

Com informações de Gazeta do Povo

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