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Desempenho da Novo Nordisk balança e coloca expansão da economia dinamarquesa em risco

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O recuo das ações da Novo Nordisk colocou em xeque a trajetória de crescimento da Dinamarca, um dos poucos países europeus que ampliaram o Produto Interno Bruto em 2023.

Na terça-feira (data não informada no texto original), a farmacêutica reduziu pela segunda vez no ano sua projeção de lucro, atribuindo a decisão à concorrência mais acirrada no mercado norte-americano de remédios para emagrecimento. O anúncio cortou quase US$ 100 bilhões do valor de mercado da companhia e provocou queda de 23% nos papéis, o maior tombo diário já registrado pela empresa. As perdas continuaram nos dias seguintes.

Impacto imediato nas famílias

Com a derrocada das ações, os investidores domésticos viram desaparecer 38 bilhões de coroas (cerca de US$ 5,8 bilhões) em carteiras comuns de ações apenas na terça. O montante equivale a quase 3% do consumo privado anual do país, de acordo com o Sydbank. O presidente da Associação Dinamarquesa de Acionistas, Mikael Bak, afirmou que alguns investidores podem adiar compras de alto valor, como automóveis ou viagens.

Efeito cascata na economia

Economistas alertam que, se a desvalorização persistir, exportações, produção industrial e até a política de juros podem ser afetadas. O órgão regulador financeiro estatal já cortou sua previsão de exportações em maio, após o primeiro alerta de lucro da Novo Nordisk.

“Um crescimento menor da Novo significa um PIB menor para a Dinamarca, é simples assim”, resumiu Las Olsen, economista-chefe do Danske Bank. No primeiro trimestre deste ano, a retração das vendas de medicamentos fez a economia encolher ligeiramente. Os dados do segundo trimestre serão divulgados em 20 de agosto.

Soren Kristensen, economista-chefe do Sydbank, reconhece que a empresa segue expandindo receita e lucro — projeção que, segundo analistas, deve durar até o fim da década —, mas ressalta que a farmacêutica agora parece “um pouco mais vulnerável”.

Consequências fiscais e no câmbio

O forte desempenho das exportações da Novo Nordisk sustentou o superávit externo dinamarquês e valorizou a coroa. Para manter a paridade da moeda, o banco central opera com juros inferiores aos do Banco Central Europeu. Caso as exportações encolham, Kristensen vê possibilidade de alta de juros.

Relação com financiamento público

A Fundação Novo Nordisk, acionista controladora, ampliou recursos destinados a pesquisa, saúde e programas sociais à medida que as vendas de Ozempic e Wegovy cresceram. Las Olsen pondera que um recuo prolongado dos lucros pode limitar esses repasses.

Emprego e comparação com a Nokia

Embora a farmacêutica empregue mais de 30 mil pessoas na Dinamarca e tenha respondido por metade da criação de vagas no setor privado — exceto agricultura — entre o início de 2023 e 2024, especialistas consideram que o impacto no mercado de trabalho nacional ainda é contido. Olsen lembra que a economia local é flexível, com regras que facilitam contratações e demissões, e mão de obra estrangeira ajustável.

Ainda assim, eventuais cortes podem atingir unidades de Kalundborg e Bagsværd, apontadas pelo novo CEO, Maziar “Mike” Doustdar, como suscetíveis a mudanças. Em Kalundborg, onde estão as principais fábricas, o crescimento da Novo reduziu o desemprego a mínimas históricas, atraiu investimentos em moradia e impulsionou universidades e centros de pesquisa. O economista do Danske Bank resume: “Se a situação virar, todos esses efeitos naturalmente se invertem”.

Com informações de InfoMoney

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