O prazo de dez dias fixado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que o líder russo Vladimir Putin aceite um cessar-fogo na Ucrânia termina na próxima sexta-feira, 8 de agosto. Anunciado por Trump na terça-feira, 29 de julho, o ultimato intensificou a retórica entre as duas maiores potências atômicas do mundo.
Em 14 de julho, o chefe da Casa Branca havia estabelecido um limite de 50 dias. Caso não houvesse acordo, ele prometeu impor tarifas de 100% sobre produtos russos e sanções secundárias do mesmo valor a países que continuassem comprando da Rússia. Duas semanas depois, o prazo foi drasticamente reduzido para dez dias.
Resposta de Moscou
Na quinta-feira, 31 de julho, o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, reagiu ao novo cronograma citando a “Mão Morta”, sistema automatizado que poderia lançar um contra-ataque nuclear. Pelo Telegram, Medvedev sugeriu que Trump “recordasse o perigo” desse mecanismo ao falar sobre as consequências econômicas para Rússia e Índia, esta última também atingida pelas eventuais tarifas secundárias norte-americanas.
Contra-medida dos Estados Unidos
No dia seguinte, 1.º de agosto, Trump publicou na rede Truth Social que ordenara o deslocamento de dois submarinos nucleares “para as regiões apropriadas” em resposta às declarações “tolas e inflamatórias” de Medvedev. Em entrevista posterior à emissora Newsmax, o presidente declarou que as embarcações “estão se aproximando da Rússia” e que os Estados Unidos querem estar “sempre prontos”.
Novos mísseis russos
Ainda na sexta-feira, Putin anunciou o início da produção em série dos mísseis hipersônicos Oreshnik, capazes de transportar ogivas convencionais ou nucleares.

Imagem: SERGEI ILNITSKY via gazetadopovo.com.br
Arsenal e ceticismo
Segundo a Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (Ican), a Rússia possui hoje 5.449 ogivas, enquanto os Estados Unidos contam com 5.277. Apesar da troca de ameaças, analistas avaliam que o risco de uso real dessas armas permanece baixo. Para Anatol Lieven, diretor do Programa Eurásia do Instituto Quincy, tanto Medvedev quanto Trump adotam uma postura “teatral” voltada ao público interno. Lieven argumenta que Moscou evitou empregar armas nucleares desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, e que Washington já mantém submarinos com capacidade de ataque permanente nas proximidades da Rússia.
Com o prazo para o cessar-fogo chegando ao fim, Washington e Moscou mantêm a retórica elevada, enquanto a comunidade internacional acompanha com cautela os próximos movimentos.
Com informações de Gazeta do Povo