Mais de 50 mil pessoas morreram nos Estados Unidos sem jamais terem sido identificadas. A partir de 2 de agosto, a National Geographic lança a série documental Naming the Dead, de seis episódios, que revela como tecnologia de ponta em genética e grandes volumes de dados estão permitindo colocar nomes nessas vítimas anônimas.
Quem faz o trabalho
O programa acompanha o DNA Doe Project, organização sem fins lucrativos que utiliza sequenciamento avançado de DNA e ferramentas de genealogia de código aberto para solucionar casos que, por vezes, permanecem sem resposta há décadas.
Como funciona a genealogia genética forense
O processo começa com a extração de material genético de ossadas ou tecidos em condição muitas vezes degradada. Depois de sequenciar o DNA, os perfis gerados são enviados para bancos de dados públicos como GEDmatch, FamilyTreeDNA e DNA Justice em busca de parentes distantes. A partir desses resultados, voluntários constroem árvores genealógicas que podem envolver primos de terceiro ou quarto grau — um desafio descrito pela diretora do projeto, Jennifer Randolph, como “um grande quebra-cabeça lógico”.
Randolph explica que o entusiasmo dos voluntários convive com o peso emocional da tarefa: “Sabemos que uma família vai receber uma notícia que não esperava. É resolução, não exatamente encerramento, mas é mais do que muitos parentes tiveram em décadas”.
Limites dos bancos de dados
Serviços comerciais como AncestryDNA e 23andMe concentram os maiores acervos genéticos, porém não aceitam perfis obtidos a partir de restos mortais. Por isso, o DNA Doe Project opera com bases bem menores, entre 1,5 e 2 milhões de registros, o que torna cada correspondência ainda mais valiosa.
A visibilidade pública tem papel decisivo: segundo Randolph, já houve casos em que um familiar soube da técnica, enviou sua amostra a um dos bancos compatíveis e, pouco depois, surgiu uma correspondência de alto grau — como a de uma sobrinha — suficiente para fechar o caso.

Imagem: forbes.com
Infraestrutura colaborativa
Investigações que antes exigiam a atuação de agências inteiras hoje contam com equipes distribuídas que compartilham arquivos de DNA, laudos e árvores genealógicas em nuvem, em tempo real. O próprio DNA Doe Project costuma arcar tanto com o custo dos laboratórios quanto com as incontáveis horas de pesquisa voluntária necessárias para identificar uma única pessoa.
Calendário de exibição
Naming the Dead estreia em 2 de agosto no canal National Geographic e chega ao Disney+ e ao Hulu no dia seguinte. Os episódios inéditos vão ao ar até 6 de setembro.
Com a combinação de avanços no sequenciamento de nova geração, colaboração on-line e engajamento público, a série mostra como a ciência e os dados estão devolvendo identidade e dignidade às vítimas que permaneceram desconhecidas por anos.
Com informações de Forbes