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Limpar redes sociais pode prejudicar candidatos a vagas e vistos, alertam especialistas

Orientações tradicionais recomendam que universitários mantenham um perfil profissional no LinkedIn e tornem privadas – ou “limpas” – as demais redes sociais. No entanto, novas exigências governamentais e o avanço de ferramentas de inteligência artificial (IA) estão tornando essa estratégia arriscada.

Exigência de perfis públicos para vistos

Desde ordem emitida pelo governo Trump, funcionários consulares dos Estados Unidos passaram a exigir que solicitantes de vistos estudantis e de intercâmbio deixem suas contas públicas para análise completa. A ausência de perfil ou a recusa em tornar o conteúdo visível pode resultar em negação do visto. O objetivo é identificar hostilidade ao governo norte-americano, apoio ao terrorismo ou antissemitismo.

Uma estudante estrangeira, que pediu anonimato, relata ter removido artigos publicados em jornais estudantis e estar desfazendo manualmente curtidas em postagens pró-Palestina ou contra Trump para manter seus perfis abertos, porém “neutros”.

Mercado de trabalho entra no radar

Embora empresas americanas não exijam legalmente perfis públicos, o uso de IA no recrutamento ganhou força. Plataformas verificam redes sociais para confirmar se candidatos são pessoas reais e, em alguns casos, avaliar compatibilidade cultural, explica Paromita Pain, professora da Universidade de Nevada, Reno. “Cria-se um duplo dilema: controlar a imagem digital pode parecer suspeito”, diz.

Estudo de 2019 conduzido por Chris Hartwell, da Utah State University, indicava que contas privadas não prejudicavam candidatos – às vezes até ajudavam, pois demonstravam cuidado com informações confidenciais. O cenário mudou com o aumento de perfis falsos impulsionados por IA.

Fraudes fazem IA ganhar espaço

Casos como o de uma mulher do Arizona, condenada a 102 meses por esquema que colocou norte-coreanos em 309 empresas americanas usando identidades roubadas, reforçaram a cautela dos empregadores. A consultoria Gartner projeta que, em 2028, um quarto dos candidatos pode ser falso.

Startups como a Tofu utilizam machine learning para checar idade de contas, frequência de postagens e número de conexões. Perfis recentes, vazios ou apagados entram no radar. O cofundador Jason Zoltak afirma que o sistema também informa a data em que um perfil deletado foi localizado pela última vez.

Quem removeu grande parte da presença online não será automaticamente classificado como falso, segundo Zoltak, mas outras validações passam a ser analisadas, como idade do e-mail e dados de telefonia.

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Imagem: Fiona Riley via forbes.com

Limpeza excessiva pode ter efeito contrário

Serviços de remoção de dados, como o Delete Me, registram aumento de estudantes que buscam apagar conteúdos antes da formatura, relata o CEO Rob Shavell. Entretanto, informações pessoais ajudam ferramentas de verificação a comprovar a identidade do candidato.

Empresas também recorrem a avaliações de histórico em redes sociais. Fundada em 2019, a Ferretly já atendeu mais de 1.000 clientes – de departamentos de polícia a campanhas políticas – e produziu relatórios para o draft da NFL. A análise inclui tendências de comportamento, sentimentos sobre temas específicos e grau de privacidade dos perfis.

Ativismo e riscos na contratação

Levantamento do site Intelligent.com com 672 estudantes que participaram de protestos pró-Palestina mostrou que 28% apagaram evidências de ativismo e 29% perderam uma oferta de emprego nos seis meses anteriores; 68% atribuíram a decisão a sua militância.

Paromita Pain aconselha cautela ao compartilhar informações sobre identidade sexual, religião, saúde mental ou deficiência, pois vieses podem influenciar processos seletivos, mesmo em estados que proíbem discriminação.

Limites legais ainda são incertos

Segundo o advogado Rod M. Fliegel, 28 estados regulam o uso de dados de redes sociais em contratações. Empresas que desejam evitar problemas precisam definir políticas claras, mas não há garantia de que essas restrições sejam incorporadas aos filtros de IA.

Com informações de Forbes

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