O relatório de empregos de julho, divulgado em 1º de agosto de 2025 pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, apontou recuo expressivo na força de trabalho do país, cenário associado a medidas de imigração implementadas pelo governo Donald Trump. Insatisfeito com os números, o ex-presidente demitiu o comissário do Bureau of Labor Statistics (BLS).
Redução de trabalhadores estrangeiros
Análise da National Foundation for American Policy (NFAP) com base na pesquisa domiciliar do BLS indica que o total de trabalhadores nascidos no exterior diminuiu em 1,2 milhão entre janeiro e julho de 2025. O recuo chega a 1,7 milhão quando comparado ao pico registrado em março.
Efeito sobre a força de trabalho total
A mesma avaliação mostra que a força de trabalho total, ajustada sazonalmente, encolheu 402 mil pessoas desde janeiro e 793 mil desde abril. Não há evidência de que a menor presença de imigrantes tenha estimulado a entrada de norte-americanos natos no mercado: a taxa de participação desse grupo, para maiores de 16 anos, passou de 62,3 % em julho de 2024 para 62,0 % em julho de 2025.
Meta de restringir a oferta de mão de obra
Segundo a NFAP, Trump e o então vice-chefe de gabinete Stephen Miller buscaram reduzir a oferta de trabalhadores por meio de prisões em locais de trabalho, fim de permissões humanitárias e de Status de Proteção Temporária (TPS), além de barreiras à imigração legal. Essas restrições incluem a proibição de entrada de mais de 100 mil refugiados e um veto de viagem a cidadãos de 19 países.
Consequências no mercado
O desemprego entre trabalhadores natos subiu de 4,3 % em janeiro para 4,7 % em julho de 2025, enquanto a participação caiu. Para o economista Mark Regets, senior fellow da NFAP, “o crescimento lento de vagas pode ser provocado pela baixa disponibilidade de trabalhadores”.
Estudo de 2024 do professor Michael Clemens, da George Mason University, já previa que a retirada de imigrantes não geraria um “boom” de empregos para norte-americanos. A pesquisa destaca que empresários impactados pela perda repentina de mão de obra tendem a reduzir investimentos ou automatizar processos, diminuindo também a demanda por trabalhadores locais.

Imagem: forbes.com
Casos no setor produtivo e na saúde
Após uma operação do governo em Omaha (Nebraska), cerca de 75 funcionários — metade da linha de produção — foram detidos na Glenn Valley Foods, deixando a planta operando a 15 % da capacidade no dia seguinte. No setor de saúde de Nova Jersey, a advogada Rosanna M. Fox relatou que o fim de programas de permissão e de TPS agrava a escassez de profissionais.
Números do relatório de julho
Em julho, empregadores criaram 73 mil vagas, resultado considerado fraco. Além disso, os dados de maio e junho foram revisados para baixo em 258 mil postos combinados.
Debate sobre política monetária
Parte dos analistas vê o ritmo mais lento de contratações como argumento para o Federal Reserve reduzir juros. Regets adverte, porém, que uma queda na oferta de trabalhadores é um choque de oferta: “Tentar estimular a economia com juros menores em cenário de oferta restrita pode levar à estagflação, como nos anos 1970”.
Com informações de Forbes