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Disputa de fronteira entre Brasil e Uruguai ressurge com parque eólico no Rincão de Artigas

Brasília – A instalação de 72 aerogeradores da Eletrobras em uma área de 237 quilômetros quadrados reacendeu a antiga divergência territorial entre Brasil e Uruguai sobre o Rincão de Artigas, na fronteira do Rio Grande do Sul com o departamento de Cerro Largo. O governo uruguaio enviou, em junho deste ano, uma nota verbal ao Itamaraty contestando a soberania brasileira sobre o local onde foi construído o Parque Eólico Coxilha Negra, em operação desde julho de 2024.

Nota diplomática e resposta brasileira

No documento, Montevidéu afirma que a presença da usina “não implica reconhecimento” de que a área pertence ao Brasil e manifesta interesse em retomar negociações “em futuro próximo”. O Ministério das Relações Exteriores informou que o assunto será tratado pelos canais diplomáticos tradicionais.

Investimento bilionário em energia limpa

O complexo Coxilha Negra, formado pelas usinas Coxilha Negra 2, 3 e 4, recebeu mais de R$ 2,4 bilhões em investimentos e ocupa 8,4 mil hectares. A potência instalada é de 302,4 MW, suficiente, segundo a Eletrobras, para abastecer cerca de 1,5 milhão de consumidores. Cada turbina, fabricada pela WEG, possui torre de 125 metros de altura, rotor de 147 metros de diâmetro, peso superior a 1,3 mil tonelada e capacidade de 4,2 MW.

Raízes da contenda

A controvérsia começou em 1933, quando um militar uruguaio apontou suposta troca na interpretação dos arroios Invernada e Moirões, usados para definir a linha divisória. O governo uruguaio contratou um geólogo, enviou pedido de revisão em 1934 e passou a classificar o Rincão de Artigas como “território contestado”. O Brasil não acatou a solicitação.

Em 1985, para reforçar a presença brasileira, foi criada a Vila Albornoz, povoado formado em terras cedidas pelo fazendeiro Thomaz Albornoz. Uma placa inaugurada em março daquele ano trazia os nomes do então presidente João Figueiredo, do governador gaúcho Jair Soares e do prefeito de Sant’Ana do Livramento, Guilherme Costa. Três anos depois, nova manifestação uruguaia — datada de 17 de agosto de 1988 — teve resposta negativa de Brasília, que considerou qualquer mudança um atentado aos tratados firmados em 1851.

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Imagem: Divulgação via gazetadopovo.com.br

Próximos passos

Sem previsão de retirada ou paralisação da usina, o governo brasileiro mantém a posição de que o Rincão de Artigas integra o município de Sant’Ana do Livramento. O Uruguai, por sua vez, insiste no diálogo para rever a linha limítrofe, mantendo viva uma disputa que já se estende por quase um século.

Com informações de Gazeta do Povo

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