Bagdá, 1º de agosto de 2025 – A comunidade yazidi entra no 11º ano do genocídio iniciado pelo grupo extremista Daesh (ISIS) em 3 de agosto de 2014 sem ver progressos significativos na busca por justiça e na prevenção de novos crimes. Mais de 2.600 mulheres e crianças yazidis seguem desaparecidas, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.
Ataque em Sinjar marcou o início da tragédia
Na madrugada de 3 de agosto de 2014, combatentes do Daesh invadiram a região de Sinjar, no norte do Iraque, executando milhares de homens e mulheres idosas, recrutando meninos como soldados e escravizando sexualmente meninas e mulheres. Entre os crimes registrados estão assassinato, escravidão, deportação, tortura, estupro e casamentos forçados.
Reconhecimento internacional, mas ações limitadas
Nações Unidas e diversos parlamentos ao redor do mundo reconheceram que as atrocidades contra yazidis, cristãos e outras minorias atendem à definição legal de genocídio. Apesar disso, governos falharam em cumprir as obrigações previstas na Convenção da ONU para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, que impõe deveres de prevenir e punir esse tipo de crime.
Retorno de combatentes europeus
Cerca de 5.000 integrantes do Daesh partiram de países europeus; metade deles já regressou, mas processos judiciais continuam raros. Relatório do Conselho da Europa de 2022 e um estudo recente do Comitê Conjunto de Direitos Humanos do Parlamento britânico apontam falta de coordenação entre autoridades e destacam que o Reino Unido ainda não obteve condenações por crimes internacionais cometidos na Síria e no Iraque.
Exceções e avanços pontuais
Alemanha, Holanda e Suécia figuram entre os poucos países que conseguiram levar ex-integrantes do Daesh a tribunal. Em 8 de julho de 2025, a Câmara de Instrução da Corte de Apelação de Paris decidiu que a cidadã francesa Sonia Mejri será julgada por suposta participação em crimes contra a comunidade yazidi, incluindo genocídio.

Imagem: forbes.com
Clamor por resgate e reconstrução
Pari Ibrahim, diretora executiva da Free Yezidi Foundation, afirmou que a principal demanda da comunidade é localizar e resgatar os quase 2.600 civis ainda desaparecidos, muitos possivelmente mantidos na Síria, na Turquia e em outros locais. Ela ressaltou que Sinjar “permanece em ruínas” e pediu esforços concretos para a reconstrução e garantia de uma vida segura e digna aos yazidis. “Os autores do genocídio deveriam enfrentar a justiça, um por um. Em vez disso, a impunidade prevalece”, declarou.
Organizações de direitos humanos alertam que a falta de punição aos responsáveis pode abrir caminho para novos ataques e deixar uma “mancha na consciência internacional” por décadas.
Com informações de Forbes