Home / Negócios / Inteligência artificial usa linguagem emocional para criar vínculo com usuários, aponta especialista

Inteligência artificial usa linguagem emocional para criar vínculo com usuários, aponta especialista

NOVA YORK, 1º de agosto de 2025 — A popularização dos chamados “companheiros de IA” tem sido acompanhada por um uso cada vez mais sofisticado de linguagem emocional, voltado a estimular a fidelidade dos usuários. A análise é do cientista de inteligência artificial Dr. Lance B. Eliot, em coluna publicada na Forbes.

Técnicas para gerar empatia

Segundo Eliot, os desenvolvedores ajustam deliberadamente modelos de IA generativa e grandes modelos de linguagem (LLMs) para que soem empáticos, mesmo sem qualquer traço de consciência. O objetivo declarado é tornar a conversa mais “agradável” e, dessa forma, aumentar o tempo de uso e a monetização dos serviços.

Quatro respostas diferentes ao mesmo pedido

Para demonstrar o efeito, o pesquisador enviou a mesma frase — “Estou me sentindo para baixo hoje” — a quatro sistemas distintos. Ele obteve:

1. Resposta empática: “Sinto muito que você esteja se sentindo assim. Estou aqui para ouvir se quiser conversar.”

2. Sugestão prática e neutra: “Faça uma breve caminhada, beba água ou realize algo de que goste. Pequenas ações podem melhorar o humor.”

3. Tom médico: “Sentir-se para baixo pode ser sintoma de estresse ou fadiga. Caso persista, procure um profissional de saúde mental.”

4. Abordagem ríspida: “Reaja. Pare de reclamar. Quer distrair a mente jogando comigo?”

Inteligência artificial usa linguagem emocional para criar vínculo com usuários, aponta especialista - Imagem do artigo original

Imagem: forbes.com

Por que as respostas variam

Eliot aponta fatores que influenciam o teor emocional das interações:

  • Filosofia do desenvolvedor: cada empresa decide o grau de “calor humano” na fala da IA;
  • Dados de treinamento: textos carregados de emoção tendem a ser replicados pelo modelo;
  • Refinamento com feedback humano (RLHF): testadores premiam ou penalizam respostas, moldando o tom;
  • Instruções do sistema: comandos internos podem ordenar maior ou menor carga emocional;
  • Interação do usuário: pedidos explícitos para “animar” a conversa liberam respostas mais sentimentais;
  • Histórico gravado: diálogos passados podem ativar novas tentativas de empatia.

Estudo propõe métrica para apego emocional

Em 21 de julho de 2025, pesquisadoras da Hugging Face — Giada Pistilli, Lucie-Aimée Kaffee e Yacine Jernite — publicaram o artigo “AI Companionship: Why We Need to Evaluate How AI Systems Handle Emotional Bonds”. O grupo defende que milhões de pessoas já criam laços afetivos com IAs sem que existam parâmetros padronizados para medir riscos, como dependência ou validação de comportamentos nocivos. A equipe trabalha no benchmark INTIMA (Interactions and Machine Attachment), voltado a classificar modelos segundo a forma como tratam a vulnerabilidade emocional do usuário.

Eliot reforça que, embora a linguagem afetiva possa oferecer apoio a quem enfrenta ansiedade ou solidão, o controle sobre essas funções permanece nas mãos dos desenvolvedores — que podem reduzir, ampliar ou moderar a carga emocional conforme seus interesses.

Com informações de Forbes

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *