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Navios de pesquisa chineses despertam alerta militar do Alasca às Filipinas

Navios com bandeira chinesa que se apresentam como embarcações de pesquisa científica intensificaram operações em águas de diversos países, provocando reações de Washington a Manila. Relatórios apontam que 80% dessa frota, composta por 64 unidades, mantém vínculos com as Forças Armadas ou com a estratégia geopolítica de Pequim.

Incidente no Ártico norte-americano

Em 26 de julho, a Guarda Costeira dos Estados Unidos interceptou um navio de pesquisa chinês em águas do Ártico, próximas ao Alasca, reivindicando o direito exclusivo de gerir recursos em sua Plataforma Continental Estendida. Pequim reagiu acusando Washington de “quebrar regras internacionais” e de “politizar” o Ártico, segundo o jornal estatal Global Times.

Monitoramento filipino no Mar das Filipinas Ocidental

As Forças Armadas das Filipinas rastreiam atualmente três navios de pesquisa chineses dentro de sua Zona Econômica Exclusiva (ZEE). O governo de Manila não descarta que as embarcações coletem dados úteis a futuras manobras militares.

Coleta de dados em larga escala

Nos últimos quatro anos, navios chineses realizaram centenas de milhares de horas de levantamento marítimo em zonas de países como Japão, Índia, Taiwan e Austrália. Em 2020, Canberra alertou que sondagens em rotas submarinas sensíveis, ainda que legais, poderiam comprometer a segurança de suas forças navais.

Algumas embarcações transportam submersíveis tripulados, sonar avançado, drones aquáticos e planadores submarinos, recursos capazes de mapear o fundo do mar e apoiar operações de guerra.

Confronto com a Coreia do Sul

Em fevereiro, um navio sul-coreano que tentava inspecionar uma estrutura de aquicultura chinesa no Mar Amarelo foi impedido por embarcações da Guarda Costeira chinesa, dando início a um impasse de duas horas. A instalação, erguida numa zona provisória criada em 2001 para administrar reivindicações de ZEE sobrepostas, ocupa uma plataforma de petróleo desativada ligada a grandes gaiolas metálicas. Seul teme uso dual do equipamento, lembrando a transformação de plataformas chinesas em ilhas artificiais no Mar do Sul da China.

Em maio, a Administração de Segurança Marítima da China proibiu a navegação em área do sul do Mar Amarelo e delimitou duas zonas de exercício militar, uma delas sobrepondo-se à ZEE sul-coreana.

Questões jurídicas

Pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, pesquisas científicas em ZEE alheia exigem autorização do Estado costeiro e devem ter fins pacíficos. Navios civis não podem conduzir levantamentos militares. Washington sustenta que observações oceânicas rotineiras não carecem de consentimento, posição contestada por alguns países.

Análises indicam que as atividades chinesas extrapolam coleta operacional de dados, incluem possíveis fins comerciais e contam com escolta de Guarda Costeira ou Marinha, o que intensifica dúvidas sobre seu caráter pacífico.

Recomendações de especialistas

Especialistas em segurança defendem que Estados Unidos e aliados troquem informações sobre a movimentação dos navios chineses, verifiquem a legalidade de cada operação e coordenem ações de fiscalização. A exposição pública de eventuais violações seria vista como forma de pressionar Pequim a cumprir o direito internacional.

As tensões refletem a estratégia chinesa de utilizar embarcações civis para avançar reivindicações marítimas e coletar dados que podem ser aplicados em futuros cenários de conflito, inclusive no entorno de Taiwan.

Com informações de Forbes

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