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Tarifa de 50% imposta pelos EUA afasta filé de tilápia brasileiro do principal destino de exportação

Uma alíquota de 50% sobre diversos produtos brasileiros, que começa a valer na próxima quarta-feira (6), levou a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) a interromper os embarques de filé fresco de tilápia para os Estados Unidos. A entidade avalia que a medida adotada pelo governo de Donald Trump praticamente exclui o Brasil do maior mercado externo do produto.

Segundo a Peixe BR, o país foi o segundo maior fornecedor de filé fresco de tilápia ao mercado norte-americano em 2024 e pretendia assumir a liderança até o fim de 2025. No ano passado, as vendas para os EUA somaram US$ 59 milhões, crescimento de 138% em relação a 2023, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Redirecionamento ao mercado interno

“A taxação de 50% nos retira integralmente do mercado de filé de tilápia dos EUA. Agora precisamos direcionar esse volume ao consumo interno e minimizar impactos no preço pago ao produtor”, afirmou o presidente da Peixe BR, Francisco Medeiros.

Os embarques foram mantidos até a semana passada e foram suspensos no início desta semana. A associação ressalta que não existe, no momento, alternativa comercial para o filé fresco: as exportações para a União Europeia permanecem bloqueadas desde 2018 porque o Brasil ainda não atende às exigências sanitárias do bloco.

Preços em queda e concorrência externa

Com a produção voltada ao mercado doméstico, a oferta aumentou e os valores recebidos pelos produtores já estão abaixo dos níveis registrados no mesmo período de 2024. A Peixe BR atribui o recuo à combinação entre maior disponibilidade do peixe e redução sazonal do consumo.

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Imagem: Jonathan Campos via gazetadopovo.com.br

A entidade também manifestou preocupação com a decisão do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) de revogar a proibição de importação de tilápia do Vietnã. Para Medeiros, a entrada de produto vietnamita, geralmente mais barato, pode pressionar ainda mais os preços e gerar efeitos imediatos superiores aos da perda do mercado norte-americano. A associação pediu a suspensão da autorização.

Estrutura produtiva sob risco

Dados da Peixe BR indicam que 237.669 estabelecimentos rurais se dedicam à piscicultura no país, gerando Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 12,5 bilhões em 2024. Pequenos produtores respondem por 98% dessa atividade, enquanto cooperativas concentram 21% da produção de tilápia. A principal exportadora para os EUA é a cooperativa paranaense Copacol.

A entidade lembra que o setor adotou tecnologias de produção intensiva cujo ciclo de amortização varia de sete a dez anos. Sem o mercado externo e diante da concorrência com importados mais baratos, há risco de inadimplência em financiamentos de longo prazo. “O governo abriu o mercado vietnamita para carne bovina e fechou o da tilápia para o produtor brasileiro”, criticou Medeiros.

Por enquanto, a estratégia do setor é ampliar a presença do filé nas gôndolas brasileiras e tentar evitar uma queda acentuada na remuneração dos criadores.

Com informações de Gazeta do Povo

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