Brasília – A tarifa de 50% anunciada na quarta-feira (31) pelo presidente norte-americano Donald Trump sobre produtos brasileiros pode ser apenas o primeiro passo de um pacote de punições muito mais pesado. Senadores que estiveram em Washington alertam que, dentro de 90 dias, o Congresso dos Estados Unidos pode aprovar uma lei que prevê sobretaxas de 100% a 500% para países que mantêm relações comerciais com a Rússia, o que inclui o Brasil.
A advertência foi feita por integrantes da comissão parlamentar que viajou aos EUA para negociar a revisão do “tarifaço”. O senador Carlos Viana (Podemos-MG) relatou ter ouvido de parlamentares democratas e republicanos que a medida em análise é um projeto de lei – e, portanto, mais difícil de ser revertido do que o decreto presidencial atual.
“Há outra crise pior que pode nos atingir em 90 dias. Eles foram categóricos ao afirmar que aprovarão uma lei criando sanções automáticas para todos os países que negociam com a Rússia”, declarou Viana.
Fertilizantes na mira
O Brasil depende de insumos russos essenciais ao agronegócio, principalmente fertilizantes. Para parlamentares e representantes do setor privado norte-americano, esse comércio sustenta financeiramente a Rússia na guerra contra a Ucrânia, afirmou a senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura, que também participou da missão.
No dia 8 de julho, Trump já havia ameaçado impor tarifas secundárias de 100% aos países que não deixassem de negociar com Moscou em até 50 dias. O texto bipartidário que tramita no Capitólio, porém, eleva a alíquota para 500%. A proposta é patrocinada pelo democrata Richard Blumenthal e pelo republicano Lindsey Graham.
Governo defende compras russas
Líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) afirmou que a aquisição de fertilizantes russos é necessária diante da falta de oferta em outros mercados. “Ninguém faz o que quer, faz o que precisa”, disse. Sobre combustíveis, ele lembrou que as importações são realizadas por empresas privadas.
Imagem: criada utilizando Dall-E via gazetadopovo.com.br
Wagner discordou da tentativa de negociar isenções no projeto antes de ele ser aprovado. “Primeiro, precisa chegar a lei. A diplomacia brasileira sempre foi multilateral e não se alinha obrigatoriamente a um campo A, B, C ou D”, comentou.
Possível via diplomática
O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), que chefiou a comitiva em Washington, planeja retomar o assunto em reuniões com autoridades norte-americanas na próxima semana. Ele sugeriu buscar brechas para exceções destinadas a países que comprovem necessidade de adquirir produtos russos.
Embora os senadores reconheçam que uma nova sanção atingiria especialmente o agronegócio, ainda não há definição sobre a estratégia brasileira caso o Congresso dos EUA aprove a tarifa de até 500%.
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Com informações de Gazeta do Povo
