Os Estados Unidos aplicaram nesta quarta-feira (30) uma tarifa de 50% sobre diversos produtos do Brasil e, no mesmo ato, anunciaram sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, responsável pelo processo criminal que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A medida foi adotada dois dias antes do prazo inicialmente anunciado pela Casa Branca e eleva a temperatura da já tensa relação diplomática entre as duas maiores nações do Hemisfério Ocidental. As novas tarifas, as mais altas definidas pelo presidente Donald Trump em 2025, excluem itens de grande peso na pauta de exportações brasileiras, como aeronaves, combustíveis e suco de laranja. Mesmo assim, o Brasil torna-se o único país a receber esse tipo de punição mantendo superávit comercial com os EUA.
Tarifas e exceções
Antes da decisão, o governo brasileiro havia solicitado isenções específicas, que foram parcialmente atendidas. Ainda assim, a sobretaxa atinge produtos que representam parcela significativa do comércio bilateral, o que pode encarecer mercadorias como café e carne bovina no mercado norte-americano.
Sanções a Alexandre de Moraes
O pacote anunciado por Washington baseia-se em legislação que permite sanções econômicas contra indivíduos acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos. O enquadramento de Moraes foi classificado como um uso incomum de algumas das penalidades mais severas disponíveis ao governo dos EUA.
Motivações de Trump
Na ordem executiva publicada nesta quarta-feira, Trump alegou que ações do governo brasileiro e do STF representam ameaça à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos. O republicano acusa Brasília de perseguir politicamente Bolsonaro e de promover censura a vozes conservadoras na internet.
Reação de Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vinha criticando publicamente as ameaças de Trump e, em entrevista ao The New York Times divulgada horas antes das sanções, declarou: “Se ele quer ter uma luta política, então vamos tratá-la como luta política. Se quer falar de comércio, vamos sentar para discutir comércio. Mas não se pode misturar tudo”.

Imagem: infomoney.com.br
Lula afirmou ainda que estuda tarifas retaliatórias sobre determinados produtos norte-americanos caso as punições se concretizassem, o que abre espaço para uma possível guerra comercial com o segundo maior parceiro do Brasil, atrás apenas da China.
Pressão sobre o caso Bolsonaro
Trump pediu que o Brasil retire as acusações contra Bolsonaro, acusado de liderar uma tentativa de golpe após perder as eleições de 2022. Tanto Lula quanto Moraes já declararam que não permitirão interferência externa no andamento do processo.
Com a imposição das tarifas e das sanções, analistas preveem aumento de preços de itens brasileiros nos Estados Unidos e incerteza sobre os próximos passos de ambos os governos.
Com informações de InfoMoney