O colapso da seleção de críquete dos West Indies para apenas 27 corridas, a segunda menor pontuação em 148 anos de Test cricket, aumentou a pressão sobre o novo diretor-executivo da Cricket West Indies (CWI), Chris Dehring. Ao embarcar em Kingston rumo a reuniões do Conselho Internacional de Críquete (ICC) em Cingapura, o dirigente ouviu cobranças de torcedores e funcionários do aeroporto. “Se ninguém dissesse nada, eu ficaria apavorado. O lado bom é que ainda existe paixão pelo críquete caribenho”, afirmou.
A humilhante derrota para a Austrália, que venceu os três testes sem que qualquer partida chegasse ao quinto dia (apenas o segundo jogo avançou até o quarto), expôs a fragilidade do elenco, especialmente no bastão. Alguns jogadores escolheram atuar na lucrativa Major League Cricket dos Estados Unidos, o que reduziu a profundidade do time. Os estádios tiveram público modesto, inflado por turistas australianos, e a série gerou prejuízo financeiro. “Nunca se ganha dinheiro com uma turnê australiana, mas é impossível ser o melhor sem enfrentar os melhores”, declarou Dehring.
Esperança olímpica
A confirmação do críquete no programa dos Jogos de Los Angeles 2028, de 12 a 29 de julho em Pomona (aproximadamente 48 km a leste de Los Angeles), abriu uma janela de oportunidades. O país-sede, os Estados Unidos, terá vaga automática, enquanto a região pan-americana organizará em 2026 um torneio no Caribe que apontará o representante local para o qualificatório mundial, que reunirá oito seleções em busca do último lugar disponível no evento masculino.
Para Dehring, o status olímpico pode atrair investimentos de empresas e governos e impulsionar a base. Ele compara o potencial do críquete ao sucesso do atletismo em nações como Jamaica e Santa Lúcia, onde a vitrine olímpica levou crianças ao esporte desde cedo.
Integração com os Estados Unidos
Único membro pleno do ICC nas Américas, os West Indies veem papel estratégico no desenvolvimento do críquete norte-americano, principal mercado-alvo da entidade internacional. A CWI já levou séries de jogos limitados à Flórida e recebeu equipes dos EUA no campeonato sub-19, além de ter coanfitriado a Copa do Mundo T20 no ano passado.
A infraestrutura criada pela Major League Cricket em solo norte-americano abre caminho para novas partidas de seleções caribenhas nos Estados Unidos. “Um duelo Jamaica x Trinidad em Nova York seria gigantesco”, projeta Dehring, lembrando ainda que a diáspora caribenha representa relevante fonte de receita.

Imagem: RANDY via forbes.com
Fortalecimento regional
Reduzir custos de deslocamento é prioridade para ampliar a experiência dos times de base. Por isso, a CWI defende a criação de um órgão regional que coordene competições anuais nas Américas, inspirando-se no modelo do atletismo. O calendário já inclui a participação de quatro equipes caribenhas nos Jogos Bolivarianos, no Peru, ainda este ano, e a estreia do críquete nos Jogos Pan-Americanos de 2027, também em Lima. A ideia de uma Americas Cup começa a ganhar forma, com Brasil e Argentina emergindo no cenário.
A expectativa é que o impulso olímpico, somado a uma integração continental mais forte, crie condições para o ressurgimento competitivo dos West Indies, mesmo que o domínio das décadas de 1970 e 1980 não volte a se repetir.
Com informações de Forbes