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Montadoras alertam para risco de R$ 60 bilhões em investimentos se governo reduzir imposto para kits da BYD

Brasília – Montadoras instaladas no país afirmam que até R$ 60 bilhões em aportes programados para o setor automotivo e cerca de 50 mil empregos com carteira assinada podem ser cancelados caso o governo federal atenda ao pedido da fabricante chinesa BYD para reduzir a alíquota de importação de veículos semi-desmontados.

A solicitação da BYD será analisada nesta quarta-feira (30) pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex). A empresa, que investe R$ 5,5 bilhões na construção de uma fábrica em Camaçari (BA), quer cortar de 20% para 10% o imposto sobre kits de carros híbridos e de 18% para 5% o tributo aplicado a kits de modelos 100% elétricos.

Reação das montadoras tradicionais

Volkswagen, Stellantis, General Motors e Toyota enviaram carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmando que a mudança “no meio do jogo” provocaria revisão de investimentos já anunciados. As companhias calculam que 10 mil contratações diretas deixariam de acontecer e que outros 5 mil postos atuais correm risco. Considerando o efeito multiplicador da cadeia de autopeças, a perda total pode chegar a 50 mil vagas.

Na visão das empresas, a medida transformaria o país em uma plataforma de montagem de baixa complexidade, já que o sistema SKD (Semi-Knocked-Down) limita a participação de fornecedores locais a operações básicas de encaixe de peças.

Ofensiva chinesa e números do mercado

A discussão ocorre em meio ao avanço das marcas chinesas. No primeiro semestre de 2025, as importações de automóveis somaram US$ 3,4 bilhões, quase o total registrado em todo o ano anterior, segundo a Secretaria de Comércio Exterior. Enquanto os emplacamentos de veículos nacionais subiram 2,6% no período, os importados cresceram 15,6%.

Modelos fabricados na China já respondem por 5,4% das vendas totais e dominam o segmento eletrificado: BYD e GWM detêm 45% dos híbridos e mais de 80% dos elétricos puros. Em junho, a BYD liderou as vendas ao consumidor em 104 cidades, incluindo capitais como Brasília, Maceió e Porto Velho.

Argumentos da BYD

O vice-presidente da montadora, Alexandre Baldy, defende que itens montados no Brasil não deveriam pagar a mesma tarifa de um automóvel totalmente pronto. Para a empresa, a redução de imposto tornaria o projeto baiano mais competitivo.

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Imagem: Lukas Koch via gazetadopovo.com.br

Contexto internacional

A decisão da Camex acontece dois dias antes de entrarem em vigor novas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, em meio ao aumento do protecionismo global. Paralelamente, o Palácio do Planalto sinaliza aproximação econômica com a China, adicionando peso político ao debate.

Executivos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) afirmam que a previsibilidade regulatória é essencial para os R$ 180 bilhões previstos em aportes até 2030. Segundo a entidade, 228,5 mil carros foram importados no primeiro semestre, volume equivalente à produção anual de uma planta de grande porte, cuja operação empregaria cerca de 6 mil trabalhadores.

A Câmara de Comércio Exterior deve anunciar o resultado da votação após a reunião desta quarta-feira.

Com informações de Gazeta do Povo

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