O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, comunicou nesta segunda-feira (28) na sede das Nações Unidas, em Nova York, que o governo brasileiro adotará uma série de sanções diplomáticas, comerciais e militares contra Israel. Segundo o chanceler, as medidas respondem ao que Brasília classifica como “genocídio” cometido na Faixa de Gaza.
Vieira afirmou que “a credibilidade da ordem internacional depende da aplicação não seletiva da lei” e pediu “vontade política” dos Estados-membros para acompanhar as decisões da conferência.
Principais medidas anunciadas
O Itamaraty divulgou um conjunto de ações que o país pretende implementar:
- manutenção da suspensão das exportações de material de defesa para Israel, em conformidade com o Tratado sobre o Comércio de Armas;
- investigação e maior controle sobre importações oriundas de assentamentos considerados ilegais na Cisjordânia e em outros territórios ocupados;
- intervenção do Brasil no processo movido pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça, com base na Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio;
- apoio à criação de uma missão internacional de verificação liderada pela ONU para monitorar o cumprimento do direito internacional e estabelecimento de mecanismo inspirado no antigo Comitê Especial contra o Apartheid;
- prestação de assistência técnica à Autoridade Palestina em áreas de construção do Estado;
- continuidade do financiamento às atividades da UNRWA e assunção da presidência de sua Comissão Consultiva;
- promoção de distinção clara entre críticas a políticas israelenses e antissemitismo, conforme recomendações de relatores especiais da ONU.
Contexto das relações Brasil–Israel
As sanções aprofundam o desgaste diplomático iniciado em 2024, quando o governo brasileiro retirou o embaixador em Tel Aviv, suspendeu compras militares de origem israelense e adiou a acreditação de um novo representante diplomático de Israel em Brasília.
Na semana passada, o Brasil também oficializou a participação no processo da Corte Internacional de Justiça e anunciou a saída da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA). A decisão gerou reação da Organização dos Estados Americanos (OEA), que considerou o ato um “equívoco” em meio à escalada de tensões com Israel.

Imagem: Lula Marques via gazetadopovo.com.br
Em nota, o Itamaraty reiterou a condenação às violações do direito internacional e humanitário na Faixa de Gaza e conclamou países que ainda não reconhecem o Estado da Palestina a se somarem aos 147 membros da ONU que já o fizeram, incluindo o Brasil.
Ao encerrar o discurso, Mauro Vieira classificou o sofrimento palestino como “o teste moral mais urgente de nosso tempo” e declarou que o Brasil seguirá trabalhando para viabilizar a solução de dois Estados.
Com informações de Gazeta do Povo