O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles afirmou que a proposta do governo para elevar o Imposto de Renda de pessoas físicas com rendimentos mais altos e de empresas pode enfraquecer a posição do Brasil na economia mundial.
Em entrevista à BBC Brasil, publicada nesta terça-feira (29/07/2025), Meirelles declarou que o país já possui uma das maiores cargas tributárias entre as economias emergentes e que um novo aumento sobre a faixa mais rica “pode reduzir a competitividade em um momento de forte concorrência global”.
Isenção para menores rendas e contrapartida nos mais ricos
Pelo projeto defendido pelo Palácio do Planalto, contribuintes com renda mensal de até R$ 5 mil ficariam isentos. A compensação viria do crescimento da alíquota para quem recebe acima de R$ 1,2 milhão por ano. O plano é considerado prioritário pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A iniciativa, no entanto, sofre resistência de setores que enxergam risco de fuga de capitais e redução de investimentos externos. Para Meirelles, “tributar ainda mais empresas ou pessoas de alta renda em um país que já cobra muito pode espantar investidores e retardar o crescimento”.
Comparação internacional
O ex-ministro lembrou que países europeus com impostos elevados “não concorrem diretamente” com economias emergentes no comércio global. Segundo ele, os principais rivais do Brasil hoje são Estados Unidos, China e Vietnã, nações que, observa, mantêm estruturas fiscais diferentes.

Imagem: SEBASTIÃO MOREIRA via gazetadopovo.com.br
Trajetória no governo
Henrique Meirelles comandou o Banco Central entre 2003 e 2010, nos dois mandatos de Lula, e chefiou o Ministério da Fazenda entre 2016 e 2018, no governo Michel Temer. Quando disputou a Presidência em 2018 pelo MDB, declarou patrimônio de R$ 377 milhões.
Para o ex-ministro, a combinação de carga tributária elevada e ambiente competitivo internacional exige cautela: “Aumentar impostos agora pode ser um tiro no pé”, concluiu.
Com informações de Gazeta do Povo