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Motéis de Belém adaptam suítes e cobram até R$ 3,6 mil por diária para hospedar delegações da COP30

Estabelecimentos tradicionalmente voltados a encontros românticos, os motéis de Belém (PA) estão reformando quartos para receber diplomatas, cientistas, servidores e ativistas que desembarcarão na capital paraense em novembro, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30).

A corrida por leitos

Realizada pela primeira vez na Amazônia, a cúpula deverá atrair milhares de visitantes. O governo brasileiro projeta ampliar a oferta de 18 mil leitos, disponíveis em 2023, para 50 mil no período do encontro. Mesmo com novos hotéis, reformas, alojamentos em escolas e dois navios de cruzeiro que acrescentarão 6 mil vagas a até US$ 220 por noite, a cidade segue distante da meta a menos de quatro meses do evento.

Suítes menos sensuais

Para cobrir o déficit, cerca de 2.500 quartos de motéis locais passam por adaptações. “Estamos retirando tudo que é muito erótico”, afirma Yorann Costa, 30 anos, proprietário do Motel Secreto. No imóvel, um dos quartos ganhou beliches e perdeu um quadro de nudez, mas manteve o mastro de pole dance, o papel de parede de oncinha e a banheira em formato de coração. Luzes vermelhas que indicam suítes ocupadas também continuarão.

No Fit Motel, camas redondas foram substituídas por colchões retangulares. Já o Love Lomas pintou paredes e trocou enxovais; na suíte premium, as luzes coloridas permanecem, mas a “cadeira erótica” poderá ser retirada a pedido. “A possibilidade de motel como hospedagem não é errada, é parte da solução”, resume André Godinho, representante de Belém na organização da COP30.

Tarifas inflacionadas

Com a procura elevada, diárias em hotéis chegam a ultrapassar US$ 1.000. Um estabelecimento três estrelas em frente ao centro de convenções cobra US$ 1.250 (cerca de R$ 7.000), segundo sites de reserva. Motéis, por sua vez, planejam tarifas entre US$ 300 (R$ 1.670) e US$ 650 (R$ 3.640) por noite. “O mercado está definindo esses preços e ainda sai mais barato que hotel”, diz Ricardo Teixeira, 49 anos, administrador de dois motéis e diretor regional da associação brasileira do setor.

Em dias comuns, casais desembolsam de R$ 55 a R$ 195 pela primeira hora e pouco mais de R$ 840 por uma noite na suíte premium. Durante a conferência, porém, valores multiplicados suscitaram críticas de delegações, principalmente de países em desenvolvimento, que consideram as cifras inviáveis.

Resistência e expectativa

Até o momento, delegações de pelo menos seis países manifestaram interesse em reservar motéis, mas poucas concretizaram a hospedagem. A corretora Giselle Robledo relata hesitação: “As embaixadas são conservadoras, não querem ficar em motel”.

Apesar da procura ainda tímida, Costa acredita que a ocupação será total: “Infelizmente não vai ter quarto para todo mundo. Estamos oferecendo uma opção”.

Com informações de InfoMoney

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