Katmandu – A ex-juíza da Suprema Corte Sushila Karki tomou posse nesta sexta-feira, 12 de setembro de 2025, como primeira-ministra interina do Nepal, sucedendo ao comunista K.P. Sharma Oli, derrubado por uma onda de manifestações contra corrupção e bloqueio de redes sociais.
Com 73 anos, Karki torna-se a primeira mulher a ocupar o cargo. A cerimônia de posse ocorreu na sede da Presidência, sob forte esquema de segurança militar.
O assessor presidencial Sunil Bahadur Thapa informou que o Parlamento foi dissolvido e que o governo provisório deverá convocar eleições em um prazo estimado entre seis e oito meses.
Negociações e nomeação
A indicação de Karki resultou de tratativas entre o presidente Ram Chandra Poudel, as Forças Armadas e representantes do movimento estudantil que pedia a imediata dissolução parlamentar. “Esses jovens rapazes e moças me pediram, me solicitaram”, declarou a nova premiê a um canal de TV indiano ao aceitar a função.
Origem dos protestos
As manifestações começaram em 4 de setembro, depois que o governo de Oli determinou o bloqueio de 26 plataformas de mídia social, medida interpretada como tentativa de sufocar críticas. A repressão policial deixou mais de 50 mortos e mais de 1.000 feridos, segundo dados oficiais. Após a renúncia do premiê, saques e incêndios atingiram prédios públicos, incluindo o Parlamento e a própria sede presidencial.
Trajetória de combate à corrupção
Karki ganhou notoriedade ao anular, no Supremo, a nomeação de um chefe de polícia feita pelo governo, decisão que desencadeou uma tentativa de impeachment contra ela, classificada pela ONU como motivada politicamente. A pressão popular levou ao arquivamento do processo.

Imagem: ANISH REGMI
Reconhecida também pela defesa dos direitos das mulheres, a magistrada tornou-se inspiração para jovens advogadas e juízas no país himalaio.
Embora a Constituição estipule que apenas membros do Parlamento possam chefiar o governo, o impasse legal foi superado diante da crise política e dos protestos em curso.
Com a posse, Karki passa a liderar o Nepal durante a transição até a realização de novas eleições.
Com informações de Gazeta do Povo