Brasília – A carreira do advogado Cristiano Zanin, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ganhou projeção nacional com a defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Operação Lava Jato e culminou com sua indicação à Corte, formalizada em 1.º de junho de 2023.
Indicação e posse no STF
Zanin foi escolhido por Lula para ocupar a vaga deixada por Ricardo Lewandowski. O Senado aprovou o nome do advogado em 21 de junho de 2023, por 58 votos a favor e 18 contra. A posse ocorreu em 3 de agosto do mesmo ano, garantindo-lhe permanência no tribunal até 2050, quando completará 75 anos, idade para aposentadoria compulsória.
Formação e atuação profissional
Nascido em 1976, em Piracicaba (SP), Zanin formou-se em Direito pela PUC-SP em 1999 e especializou-se em Direito Processual Civil na mesma instituição. Foi professor de Direito Civil e Processual Civil na Faculdade Autônoma de Direito (Fadisp) e atuou em processos empresariais de grande porte, como a recuperação judicial da Varig e a falência da Transbrasil. Também participou de negociações do acordo de leniência da J&F, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
Defesa de Lula e atuação internacional
O ministro ganhou relevância ao liderar a estratégia jurídica que anulou as condenações de Lula na Lava Jato. A defesa, levada por Zanin até a Organização das Nações Unidas (ONU), garantiu decisão favorável ao ex-presidente, permitindo o restabelecimento de seus direitos políticos e a consequente candidatura em 2022.
Além da defesa pessoal, Zanin integrou a campanha eleitoral de Lula em 2022 e participou da equipe de transição de governo. Seu escritório recebeu cerca de R$ 1,2 milhão de recursos do fundo eleitoral pelos serviços prestados à campanha.

Imagem: Marcelo Camargo
Primeiros votos no Supremo
Desde a posse, Zanin marcou posição em temas sensíveis:
- Votou contra a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal, mas defendeu a diferenciação entre usuário e traficante.
- Manifestou-se contra a tese do marco temporal das terras indígenas.
- Julgou inválidas regras que restringiam a participação de mulheres em concursos das forças de segurança.
- Suspendeu decretos de municípios de Santa Catarina que dispensavam a comprovação de vacinação contra a Covid-19 para matrícula em escolas públicas.
- Como relator, cassou decisão do STJ e validou o compartilhamento de dados do Coaf com a polícia sem autorização judicial prévia.
- Acompanhou o ministro Alexandre de Moraes na determinação que suspendeu a plataforma X (antigo Twitter) no Brasil.
Presidência da Primeira Turma
À frente da Primeira Turma do STF, Zanin consolidou sua atuação no julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Após o voto da ministra Cármen Lúcia, em 11 de setembro de 2025, o ministro firmou posição no processo, reforçando a condução do colegiado no caso.
Com informações de Gazeta do Povo