Brasília – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no INSS decidiu, nesta quinta-feira (11), não levar adiante os requerimentos de quebra de sigilo bancário e fiscal dos ex-ministros da Previdência Social Carlos Lupi (PDT) e José Carlos Oliveira, também conhecido como Ahmed Mohamad Oliveira Andrade.
O recuo foi resultado de entendimento costurado entre integrantes da base governista e da oposição pouco antes do início da sessão. O presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG), confirmou a retirada dos pedidos apresentados pelo senador Izalci Lucas (PL-DF). “Todos os itens pautados estão em votação, exceto aqueles fora do acordo”, disse Viana, conduzindo a aprovação simbólica das demais quebras de sigilo.
Quebras aprovadas
Na mesma reunião, a CPMI autorizou o acesso a dados bancários e fiscais do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, apontado como operador de um esquema que pode ter desviado mais de R$ 6 bilhões de aposentados e pensionistas. Também terão informações devassadas o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto e 89 associações investigadas, entre elas a Contag, que recebeu R$ 3,6 bilhões via repasses.
Depoimento de Lupi
Lupi, que preside o PDT, compareceu à CPMI na segunda-feira (8). Disse conhecer denúncias sobre descontos ilegais e empréstimos consignados, mas atribuiu a responsabilidade de apuração à autarquia. Parlamentares apontam contradições entre este relato e o depoimento prestado na Câmara em abril, especialmente sobre sua relação com Tônia Galetti, ex-conselheira do CNPS e primeira a denunciar as fraudes.
Viana afirmou que consultará o relator Alfredo Gaspar (União-AL) sobre novas providências e não descartou uma nova convocação de Lupi. O ex-ministro declarou não se opor a retornar, se necessário.
Fala de Oliveira
O ex-ministro de Jair Bolsonaro foi ouvido nesta quinta-feira. Ele negou ter conhecimento do esquema de descontos e explicou que, à época, investigava apenas possíveis irregularidades em empréstimos consignados. Questionado sobre encontro em seu escritório com representante de associação investigada — supostamente para comprar um álbum de figurinhas —, afirmou não ter percebido indícios de ilicitude.

Imagem: Jeffers Rudy
Oliveira também disse que não informou Bolsonaro porque “não havia reclamações que justificassem” alertar o então presidente.
Próximos passos
A CPMI marcou para 15 de setembro o depoimento de Antunes e para 18 de setembro o de Maurício Camisotti, CEO do Grupo THG, cujas empresas mantêm vínculos com pelo menos três entidades suspeitas. Parlamentares da oposição avaliam que os próximos relatos podem fortalecer a pressão por nova audiência de Lupi.
Com informações de Gazeta do Povo