A agência de classificação de risco Fitch Ratings afirmou nesta terça-feira, 9 de setembro de 2025, que o novo arcabouço fiscal do governo Luiz Inácio Lula da Silva carece de credibilidade e que o país não deve reconquistar o grau de investimento até o fim da atual gestão.
Em evento promovido pela própria agência em São Paulo, Shelly Shetty, chefe de ratings soberanos para Américas e Ásia, disse que os participantes do mercado voltaram a questionar a política fiscal brasileira. “Não antecipamos o Brasil voltando a ganhar um grau de investimento tão cedo”, declarou.
Histórico da nota brasileira
O Brasil perdeu o selo de bom pagador em 2015, durante a crise fiscal do governo Dilma Rousseff. Embora a média global para retomada da classificação seja de cerca de seis anos, a Fitch considera que o país ainda está distante desse patamar.
Em julho de 2023, a agência elevou o rating brasileiro para dois níveis abaixo do grau de investimento e manteve perspectiva estável. A S&P fez movimento semelhante em dezembro de 2023, enquanto a Moody’s, em maio deste ano, reduziu a perspectiva de positiva para estável, mantendo a nota a um nível do selo de bom pagador.
Projeções de crescimento divergentes
A Fitch projeta expansão de 1,9% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2026, abaixo dos 2,4% estimados pelo governo. Segundo Shetty, o otimismo oficial depende da aprovação de novos aumentos de impostos, fator visto como arriscado pela agência.

Imagem: José Méndez
Pressões sobre a dívida pública
Entre os pontos que agravariam a dinâmica da dívida, a Fitch destaca:
- Carga tributária elevada, que dificulta a criação de novas fontes de receita sem prejudicar a atividade econômica;
- Rigidez orçamentária, com grande parte das despesas obrigatórias limitando o espaço para investimentos;
- Alta persistente dos gastos públicos, tendência que, segundo a agência, continuará nos próximos anos.
Para a Fitch, esse conjunto de fatores reduz a capacidade do país de conter o avanço da dívida e compromete o perfil de crédito brasileiro.
Com informações de Gazeta do Povo