O conselho de administração da Tesla apresentou na sexta-feira (5) um novo plano de remuneração exclusivamente em ações que pode transformar Elon Musk no primeiro trilionário do planeta, caso metas corporativas consideradas extremamente ambiciosas sejam atingidas.
De acordo com documento entregue à Securities and Exchange Commission (SEC), o pacote depende de aprovação dos acionistas na assembleia anual marcada para 6 de novembro. Para receber a totalidade dos títulos, o executivo precisará elevar o valor de mercado da montadora dos atuais cerca de US$ 1,1 trilhão para US$ 8,5 trilhões – crescimento de oito vezes ao longo da próxima década.
Regras para o pagamento
Todo o prêmio será distribuído em ações ordinárias da Tesla. Musk só poderá começar a receber partes do pacote após permanecer na companhia por, no mínimo, sete anos e meio; o montante integral exige permanência de dez anos. Além disso, o plano impõe metas operacionais, como:
- lançamento comercial de 1 milhão de táxis autônomos;
- produção de robôs humanoides em escala;
- aumento do lucro operacional para US$ 400 bilhões, ante US$ 17 bilhões no ano passado.
Caso todos os objetivos sejam cumpridos, a fortuna pessoal de Musk, hoje estimada pela Forbes em mais de US$ 400 bilhões, poderia crescer em cerca de US$ 900 bilhões.
Efeito sobre a participação acionária
O plano estipula a liberação de 35 milhões de ações quando o valor de mercado atingir US$ 2 trilhões, com lotes adicionais concedidos progressivamente até o teto de US$ 8,5 trilhões. A valorização só gera ganhos para Musk acima de aproximadamente US$ 335 por ação.
Embora as ações recebidas fiquem bloqueadas para venda por vários anos, o executivo poderá exercer imediatamente os direitos de voto, o que pode elevar sua participação na empresa de 13% para cerca de 25%, descontados eventuais impostos.
Contexto e controvérsias
O novo pacote repete características da remuneração de 2018, anulada por um juiz de Delaware após contestação de acionistas. A Tesla recorreu e, paralelamente, transferiu sua sede estatutária para o Texas, onde a legislação impõe mais obstáculos a processos de minoritários. O documento divulgado sexta-feira prevê restaurar os pagamentos de 2018 caso o recurso da companhia não seja bem-sucedido.
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Integrantes do conselho, como a presidente Robyn Denholm e a diretora Kathleen Wilson-Thompson, defenderam o plano afirmando que reter e incentivar Musk é crucial para que a Tesla se torne a empresa mais valiosa da história. Críticos, porém, apontam queda recente nas vendas e nos lucros, além do envolvimento do executivo em outras atividades – SpaceX, xAI e participação em debates políticos – como fatores que teriam prejudicado o desempenho da montadora.
Mesmo pioneira em veículos elétricos, a Tesla foi superada por BYD e Geely em volume global de vendas e pode ser ultrapassada pela Volkswagen, segundo a SNE Research. Analistas atribuem parte dessa perda de espaço à aposta no lançamento da picape Cybertruck, que teve procura limitada, enquanto concorrentes ampliaram portfólios com modelos voltados ao grande público.
O conselho também revelou que Musk colaborará na elaboração de um plano de sucessão de longo prazo para o cargo de CEO, ainda sem prazo definido.
Se aprovado em novembro, o pacote garantirá a Musk a maior remuneração já registrada por um executivo e, ao mesmo tempo, tornará mais difícil qualquer contestação judicial por parte de acionistas dissidentes.
Com informações de InfoMoney
