O ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyyed Abbas Araghchi, afirmou que Teerã está pronto para firmar um “acordo real e duradouro” que imponha limites ao enriquecimento de urânio e estabeleça monitoramento rigoroso do programa nuclear iraniano, desde que todas as sanções sejam suspensas.
A declaração foi feita em artigo publicado neste domingo (7 de setembro de 2025) pelo jornal britânico The Guardian. No texto, Araghchi pede aos governos de França, Alemanha e Reino Unido que revejam o plano de reativar sanções da ONU contra o Irã até o fim do mês. Segundo ele, caso a iniciativa avance, “as consequências poderão ser destrutivas de uma forma sem precedentes para a região e para o restante do mundo”.
Pressão sobre europeus
O chanceler iraniano argumenta que a retomada das punições apenas beneficiaria os Estados Unidos, que assumiriam a liderança em futuras negociações, deixando a Europa isolada. “A volta das sanções da ONU excluirá os três países de futuros processos diplomáticos, com amplas consequências negativas para toda a Europa em termos de credibilidade e posição global”, escreveu.
Araghchi também criticou Paris, Berlim e Londres por, segundo ele, terem deixado de atuar como mediadores e se tornado “facilitadores dos excessos americanos”. O ministro afirmou que a União Europeia comete um equívoco ao adotar uma postura mais dura contra o Irã na esperança de ganhar relevância aos olhos do presidente norte-americano Donald Trump.
Debate interno e possíveis rupturas
Enquanto o governo central sinaliza disposição para negociar, o Parlamento iraniano, de maioria conservadora, discute um projeto que pode levar o país a retirar-se do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) caso as sanções sejam restabelecidas. A medida encerraria o acesso de inspetores internacionais a instalações nucleares iranianas.
Apesar das divergências internas, Araghchi disse ter avançado em conversas com inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre visitas a locais nucleares. Ele reforçou que existe uma “curta oportunidade” para um entendimento diplomático antes que a situação se deteriore.

Imagem: ALEXANDER KAZAKOV
Provocação a Israel
O texto publicado no Guardian termina com uma mensagem a Israel. Araghchi afirmou que, caso Tel Aviv tente “iniciar uma nova guerra” contra o Irã, terá de “correr para o vovô” — referência aos Estados Unidos — para pedir ajuda. Segundo o ministro, as Forças Armadas iranianas seriam “capazes de derrotar Israel ao ponto de obrigá-lo a recorrer ao ‘Vovô’ para salvação”.
Até o momento, não houve reação oficial dos governos europeus às declarações do chanceler iraniano.
Com informações de Gazeta do Povo