Um relatório do The Wall Street Journal revela que o confronto iniciado há quase dez anos entre Spotify e Apple ultrapassou o âmbito comercial e se tornou referência para legisladores e órgãos antitruste em diversos países.
Início do conflito
A tensão ganhou força em 2015, quando a Apple lançou o Apple Music por US$ 9,99 (cerca de R$ 54). Para cobrir a comissão de 30% cobrada na App Store, o Spotify passou a oferecer seu plano por US$ 12,99 (aproximadamente R$ 70), perdendo competitividade nos Estados Unidos.
Documentos apresentados à Justiça indicaram margem de lucro superior a 75% nas operações da loja virtual da Apple, evidenciando quanto o sistema de taxas favorecia a companhia ao mesmo tempo em que abrigava concorrentes.
Reação do Spotify e avanço regulatório
Após alterações internas no aplicativo, o Spotify protocolou queixa na Comissão Europeia. Testes A/B apontaram que restrições impostas pela Apple prejudicavam atualizações de assinatura no Android. A reclamação recebeu apoio da comissária antitruste da União Europeia, Margrethe Vestager, e impulsionou a criação da Lei de Mercados Digitais (DMA).
Em 2025, a Comissão Europeia aplicou multa de € 500 milhões à Apple por violar regras de anti-steering, intensificando a pressão sobre o modelo de cobrança da empresa.
Processos nos Estados Unidos
No mercado norte-americano, a disputa ganhou reforço do CEO da Epic Games, Tim Sweeney. Em abril, um juiz federal concluiu que a Apple infringiu intencionalmente uma liminar de 2021 e proibiu comissões sobre determinadas compras on-line, medida que havia levado ao banimento da Epic da App Store em 2020.

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Logo após a decisão, o Spotify disponibilizou uma versão atualizada de seu aplicativo nos Estados Unidos, exibindo preços e oferecendo links diretos para o site da empresa.
Contragolpes da Apple
Para reter usuários, a Apple expandiu recentemente a ferramenta de migração de playlists do Spotify para o Apple Music, desenvolvida em parceria com o SongShift, em novos mercados. A iniciativa busca fortalecer o ecossistema da companhia enquanto a liderança global em streaming permanece em disputa.
A confrontação já reduziu a rentabilidade de um dos segmentos mais lucrativos da Apple e demonstrou que, mesmo para empresas de grande porte, mudanças podem ser impostas por regulações e concorrência intensa.
Com informações de TudoCelular