Paris – Uma nova edição do Twitter Files, divulgada em 3 de setembro de 2025 pelos jornalistas franceses Pascal Clérotte e Thomas Fazi, aponta que o presidente Emmanuel Macron teria recorrido a organizações não governamentais sustentadas com verba pública para forçar, na Justiça, mudanças na política de moderação do então Twitter, hoje X.
O material foi publicado no site da Civilization Works, entidade presidida pelo escritor Michael Shellenberger, responsável pelos primeiros dossiês sobre Estados Unidos e Brasil. Nesta versão dedicada à França, Clérotte e Fazi relatam que quatro ONGs – União dos Estudantes Judeus da França (UEJF), SOS Racismo, Jaccuse! e SOS Homofobia – moveram ações contra a plataforma em 2020, alegando tolerância a discursos de ódio.
Os processos pediam a nomeação de um perito para examinar os sistemas de denúncia e fiscalização de conteúdo da empresa. Uma mensagem interna de outubro de 2020, assinada por um diretor associado do Twitter, foi reproduzida pelos repórteres. No texto, o executivo dizia acreditar que a verdadeira intenção era “manchar a imagem da rede” em comparação a concorrentes como o Facebook.
Segundo os documentos, as ONGs exigiram acesso privilegiado aos dados internos do Twitter e ao fluxo de moderação. O dossiê também menciona a insistência de Macron em estabelecer contato direto com Jack Dorsey, então CEO da companhia. Não há confirmação de que a conversa tenha ocorrido, mas os jornalistas sugerem que o objetivo seria influenciar políticas da plataforma na França.
Atuação da Viginum fora do país
O relatório aborda ainda ações posteriores à compra do Twitter por Elon Musk, em 2022. Clérotte e Fazi afirmam que Macron se vale da agência estatal Viginum, criada em julho de 2021 para combater interferências estrangeiras, como instrumento de influência internacional.

Imagem: CHRISTOPHE PETIT TESS
Como exemplo, citam o cancelamento do primeiro turno das eleições presidenciais romenas, em dezembro de 2024. Na ocasião, a Viginum produziu um relatório que apontava suposta manipulação do algoritmo do TikTok para favorecer Calin Georgescu, candidato então líder nas pesquisas e visto como pró-Rússia. O Tribunal Constitucional da Romênia anulou a votação, decisão criticada publicamente por Musk.
Para os autores, a Viginum opera tanto de forma defensiva quanto ofensiva, servindo aos interesses externos do governo francês e, “cada vez mais, contra o próprio povo francês”.
Com informações de Gazeta do Povo