O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), desembarcou em Brasília para reforçar a articulação que pretende levar ao plenário da Câmara o projeto de lei da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e restaurar os direitos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). A movimentação ocorreu na terça-feira (2), mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu o julgamento dos réus do chamado “núcleo 1” da investigação sobre tentativa de golpe de Estado.
No Congresso, a oposição avalia que o debate ganhou fôlego adicional após o anúncio de que PP e União Brasil — reunidos na federação União Progressista — entregarão todos os cargos que ocupam no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A federação possui 109 deputados e, segundo seus presidentes, Ciro Nogueira (PP-PI) e Antônio Rueda (União), filiados que permanecerem nos ministérios podem ser expulsos. Os ministros Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte) têm até 30 dias para deixar os cargos.
Anistia vira prioridade
Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara, sustenta que já há apoio suficiente para aprovar o texto. “A anistia precisa ser pautada”, declarou. O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), vê na presença de Tarcísio um fator decisivo, lembrando que o Republicanos comanda a Casa por meio do presidente Hugo Motta. Motta, segundo relatos de bastidores, admitiu a líderes que o tema “terá de ser enfrentado” em breve.
Além do PL, o projeto conta formalmente com o apoio do Novo. No Senado, contudo, o presidente Davi Alcolumbre (União-PA) pode retardar a votação em razão de indicações do partido que ainda permanecem no governo petista.
Críticas ao STF e texto mais amplo
Tarcísio elevou o tom contra o Supremo ao classificar a condução dos processos como irregular. Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que deputados e senadores discutem “uma anistia ampla, geral e irrestrita”, a ser apresentada “nos próximos dias”. Para o deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), a análise do STF deve acelerar a pauta: “Quando houver condenação, a urgência ficará evidente”.
Rearranjo para 2026
Nos bastidores, líderes do Centrão e empresários articulam uma frente de centro-direita para as eleições de 2026. O nome mais citado é o do próprio Tarcísio, ex-ministro de Bolsonaro, embora ele negue intenção de disputar a Presidência. Segundo Altineu Côrtes, caberá ao ex-presidente escolher o candidato caso continue inelegível — situação imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030.

Imagem: Paulo Horato
A possível candidatura de Tarcísio atrai apoio de dirigentes como Valdemar Costa Neto (PL) e Gilberto Kassab (PSD). O PSD, que ocupa três ministérios, mantém ainda seus governadores Ratinho Junior (PR) e Eduardo Leite (RS) como opções para 2026.
Entre os entusiastas, o presidente do PP, Ciro Nogueira, declarou em evento de filiação do secretário paulista de Segurança, Guilherme Derrite, que “o Brasil vai chamar o governador Tarcísio agora ou em 2030”. No Estado, PP, Republicanos e demais legendas da centro-direita sustentam a pauta da anistia.
Enquanto o projeto aguarda definição de data, líderes governistas reconhecem a pressão. O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara, admitiu a existência de uma “construção para votar depois do julgamento”, com participação direta do governador de São Paulo e de grandes partidos.
Com informações de Gazeta do Povo