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PIB perde fôlego com juros de 15% e risco fiscal; tarifaços dos EUA devem pressionar próximos trimestres

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Brasília – Depois de um primeiro trimestre robusto, a economia brasileira mostra sinais claros de desaceleração. Projeções de bancos e consultorias apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu entre 0,2% e 0,5% no segundo trimestre em relação aos três meses anteriores, ritmo bem inferior ao observado no início do ano. O resultado oficial será divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (2).

Juros elevados e tarifaço americano travam a atividade

O recuo é atribuído principalmente à taxa Selic de 15% ao ano, em vigor desde o fim de 2024, e ao novo pacote de tarifas imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros em julho. O encarecimento do crédito reduz o consumo de bens duráveis, enquanto o aumento das barreiras comerciais eleva os custos de produção e alimenta a inflação global, restringindo a margem de manobra do Banco Central para cortar juros.

Setores perdem tração

No segundo trimestre:

  • Indústria de transformação deve registrar o segundo recuo consecutivo, com queda de 0,6% na comparação anual, segundo o Itaú.
  • Indústria extrativa tende a avançar 4,3%, impulsionada pelo petróleo, informa a XP Investimentos.
  • Investimentos devem esfriar após alta de 9,1% no primeiro trimestre; a taxa de formação bruta de capital fixo cairia de 19,3% para 18,7% do PIB, de acordo com o Monitor do PIB da FGV Ibre.
  • Serviços, responsáveis por mais de 70% da economia, ainda crescem, mas mostram fadiga.
  • Agropecuária perde o protagonismo visto no início do ano, embora mantenha alta estimada em 9,8% sobre o mesmo período de 2024.

A coordenadora do Monitor do PIB, Juliana Trece, atribui o arrefecimento à dissipação do impulso do agronegócio e ao efeito defasado da política monetária restritiva.

Cenário externo complica cortes de juros

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve lida com um mercado de trabalho em desaceleração e inflação ao produtor que subiu 0,9% em julho. Com o núcleo do índice de preços de despesas de consumo (PCE) projetado em 0,4% ao mês, o Fed deve reduzir os juros de forma cautelosa, iniciando possivelmente com um corte de 0,25 ponto percentual em setembro. Juros mais altos por mais tempo no exterior diminuem a possibilidade de alívio rápido na Selic.

Pressão fiscal limita estímulos

Internamente, o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026 já embute déficit primário de R$ 30,9 bilhões. O Banco Inter calcula que o rombo poderá chegar a 0,7% do PIB, mesmo com aumento de tributos. Para a economista-chefe da instituição, Rafaela Vitória, com a inflação projetada em 3,6% para 2027, “a política monetária deve permanecer cautelosa por um período prolongado”.

A combinação de crescimento mais fraco, juros elevados e contas públicas no vermelho pressiona a trajetória da dívida e reduz a capacidade do governo de estimular a atividade.

Com informações de Gazeta do Povo

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