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Experimento mantém ouro sólido a quase 19 000 K e desafia teoria aceita há quatro décadas

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Cientistas de vários países conseguiram aquecer finas camadas de ouro a cerca de 19 000 Kelvin (aproximadamente 18 700 °C) sem que o metal derretesse, resultado que confronta a chamada “Catástrofe da Entropia”, limite termodinâmico proposto nos anos 1980.

Quem participou

O estudo, publicado na revista Nature em 31 de agosto de 2025, foi liderado por Bob Nagler, do Departamento de Energia dos Estados Unidos no SLAC National Accelerator Laboratory, em parceria com Tom White, da Universidade de Nevada. A pesquisa envolveu ainda especialistas do European XFEL e das universidades de Queens, Columbia, Princeton, Oxford, Califórnia e Warwick.

Como o ouro foi superaquecido

Os pesquisadores dispararam lasers ultrarrápidos sobre camadas extremamente finas de ouro, depositando energia em trilionésimos de segundo. A velocidade do processo fez com que os elétrons absorvessem calor antes que a rede cristalina pudesse se reorganizar em estado líquido.

Na sequência, feixes de raios X de alta intensidade monitoraram a vibração dos átomos. As medições confirmaram que, mesmo sob temperatura quase 14 vezes maior que o ponto de fusão convencional do ouro (1 064 °C), o material permaneceu sólido por alguns trilionésimos de segundo.

Por que a teoria foi abalada

De acordo com os modelos clássicos, qualquer sólido deveria perder estabilidade quando aquecido a cerca de três vezes seu ponto de fusão. O experimento demonstrou que, se o aquecimento ocorrer rápido o bastante, a estrutura atômica pode “congelar” em posição, evitando a transição para o estado líquido e contrariando a previsão da Catástrofe da Entropia.

Implicações

Os autores afirmam que o resultado não viola as leis da termodinâmica, mas indica limitações nos modelos tradicionais quando submetidos a escalas de tempo ultracurtas. A descoberta pode influenciar pesquisas em fusão nuclear, na simulação de interiores planetários e no estudo da matéria densa quente encontrada em estrelas e gigantes gasosos. A equipe pretende testar a mesma técnica em outros metais e compostos.

“Se nosso primeiro experimento já desafiou a ciência estabelecida, imagino o que ainda podemos descobrir”, declarou Bob Nagler.

Com informações de Gazeta do Povo

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