São Paulo – A edição desta semana da revista britânica The Economist trouxe na capa o ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022) caracterizado como Jake Angeli, o “Xamã do QAnon”. A publicação pretendeu comparar a invasão ao Congresso dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021, ao ataque a prédios públicos em Brasília em 8 de janeiro de 2023, citando o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para terça-feira (2), como exemplo de “maturidade democrática”.
Quem é o “Xamã do QAnon”
Jacob Anthony Angeli Chansley, hoje com 37 anos, ganhou projeção mundial ao aparecer no Capitólio norte-americano vestindo um chapéu de pele com chifres, pintura facial, peito nu e portando uma lança de quase dois metros com a bandeira dos EUA amarrada. O episódio ocorreu durante a sessão que certificava a vitória de Joe Biden na eleição presidencial de 2020.
Adepto do movimento conspiracionista QAnon e apoiador do então presidente Donald Trump, Angeli defendia a teoria segundo a qual uma rede de satanistas pedófilos comandaria uma conspiração global.
Prisão e sentença
Três dias após a invasão, Angeli foi preso. Em setembro de 2021, declarou-se culpado de obstrução de um procedimento oficial em um tribunal de Washington. Dois meses depois, recebeu pena de 41 meses de prisão, multa de US$ 2 mil e três anos de liberdade condicional a serem cumpridos após o fim da detenção.
Ele passou parte da pena em um presídio do Arizona, seu estado natal, e foi transferido em março de 2023 para uma casa de recuperação, onde internos recebem orientação para reingressar na sociedade. Em maio de 2023, ganhou a liberdade, um ano antes do previsto, seguindo protocolos do Escritório Federal de Prisões e o acordo de confissão.
Perdão presidencial e críticas a Trump
De volta à Casa Branca em janeiro deste ano, Trump concedeu perdão a cerca de 1,5 mil investigados pelos atos de 6 de janeiro, incluindo Angeli. Mesmo anistiado, o “Xamã” passou a atacar o ex-mandatário.

Imagem: JIM LO SCALZO
Em julho, em publicações no X (antigo Twitter) – algumas posteriormente apagadas –, criticou Trump por não liberar integralmente documentos do processo contra o financista Jeffrey Epstein e pelo apoio a Israel na guerra na Faixa de Gaza. “F*-se esse pedaço de m* estúpido… Que fraude”, escreveu Angeli, referindo-se ao republicano. Em outra mensagem, disparou: “Ah, sim, e f*-se Israel! E f*-se Donald Trump!”.
Ele também direcionou comentários ao ator e apoiador de Trump, James Woods, sugerindo envolvimento do artista com a “ilha de Epstein”. “Você também foi para a ilha do Epstein, James? Porque estou começando a olhar mais de perto…”, postou, questionando a falta de cobranças públicas a Trump sobre o caso.
Com informações de Gazeta do Povo