Home / Política / Oposição assume controle inicial da CPMI do INSS e governo perde aliados estratégicos

Oposição assume controle inicial da CPMI do INSS e governo perde aliados estratégicos

Spread the love

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi instalada nesta semana e começou com vantagem para a oposição, que garantiu a presidência e a relatoria do colegiado, além de alianças com o Centrão. Enquanto isso, o Palácio do Planalto já contabiliza baixas importantes em sua base e tenta conter os prejuízos políticos.

Comando oposicionista

O senador Carlos Viana (Podemos-MG) foi eleito presidente da CPMI por 17 votos a 14, superando o senador Omar Aziz (PSD-AM). A relatoria ficou com o deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Para consolidar maioria nas deliberações internas, a oposição articulou a eleição do deputado Duarte Jr. (PSB-MA) para a vice-presidência. Segundo interlocutores, o cargo foi resultado de um acordo entre Partido Liberal (PL) e União Brasil.

A expectativa é que Duarte Jr. migre para o União Brasil após a possível federação entre PSB e Cidadania. Caso isso ocorra, o partido passará a ocupar simultaneamente a vice-presidência e a relatoria. Não há data definida para a mudança.

Parlamentares calculam, no momento, 16 votos para a oposição e 15 para o governo — o presidente da CPMI só vota em caso de empate. A bancada oposicionista ainda negocia indicar a deputada Bia Kicis (PL-DF) para uma sub-relatoria.

Baixas na base governista

O governo começou a perder sua “tropa de choque” na comissão. O senador Otto Alencar (PSD-BA) pediu para sair e foi substituído pela senadora Augusta Brito (PT-CE), que, pouco depois, cedeu lugar ao senador Humberto Costa (PT-PE). Rogério Carvalho (PT-SE) e Fabiano Contarato (PT-ES) completam a bancada titular petista.

Derrotado na eleição da presidência, Omar Aziz deve formalizar sua saída nos próximos dias, alegando dedicação à campanha de 2026. Renan Calheiros (MDB-AL) também indica que deixará o colegiado. Nos bastidores, senadores admitem preocupação com quebras de sigilos e desgaste político em ano pré-eleitoral.

Primeiro embate

Na sessão de 20 de agosto, Aziz e o senador Eduardo Girão (Novo-CE) trocaram críticas. Girão relembrou a CPI da Covid e apontou “falta de imparcialidade” na condução anterior de Aziz. O amazonense rebateu afirmando que a CPMI precisa “apurar com profundidade” e evitar “narrativas”.

Negociações sobre convocados

Apesar do controle oposicionista, votações-chave ainda dependem de entendimento com o governo. Um exemplo é a convocação de Francisco da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). Um acordo informal adiou seu chamado para que, neste primeiro momento, sejam ouvidos apenas presidentes de entidades investigadas.

Carlos Viana nega qualquer tratativa para “blindar” nomes, mas declarações do líder do governo, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), indicam composição. O repasse do INSS ao Sindnapi saltou de R$ 23 milhões em 2020 para R$ 154 milhões em 2024, aumento de 564%. Até agora, não há prova que vincule Frei Chico às irregularidades.

Depoimentos e novas linhas de investigação

A defensora pública federal Patrícia Bettin relatou descontos indevidos em benefícios de indígenas, quilombolas e ribeirinhos, classificando a prática como “exploração de populações vulneráveis”. Ela acrescentou que o Ministério Público Federal criou um grupo de trabalho para apurar as fraudes, mas o encerrou sem explicação.

Senadores também decidiram investigar visitas de um lobista conhecido como “Careca do INSS”, suspeito de ligar empresários a servidores. Outro destaque foi o depoimento, a portas fechadas, do delegado da Polícia Federal Bruno Oliveira Pereira Bergamaschi, que falou por mais de cinco horas após autorização do Supremo Tribunal Federal. O conteúdo permanece sigiloso, mas, segundo Carlos Viana, o delegado descreveu a atuação de uma “quadrilha” que desviava recursos de aposentados.

O próximo a depor será o advogado Eli Cohen, marcado para segunda-feira, 1º de setembro. Ele é apontado como responsável por reunir provas sobre filiações forjadas e cobranças ilegais envolvendo benefícios previdenciários.

Com a base governista fragilizada e a oposição articulada, a CPMI do INSS deve enfrentar sessões acirradas nas próximas semanas.

Com informações de Gazeta do Povo

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *