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New York Times vê concentração de poder no STF e questiona democracia às vésperas do julgamento de Bolsonaro

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O The New York Times publicou nesta sexta-feira, 29 de agosto de 2025, uma análise sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, marcado para 2 de setembro no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. O jornal afirma que a forma como o processo foi conduzido levanta dúvidas sobre o estado da democracia no Brasil e sobre a concentração de poderes nas mãos do ministro Alexandre de Moraes.

Segundo o periódico norte-americano, o STF ampliou suas prerrogativas nos últimos anos para chegar ao atual julgamento de Bolsonaro e de seus apoiadores. Nesse período, Moraes passou a comandar inquéritos de alcance amplo, determinou buscas, bloqueou perfis em redes sociais, suspendeu plataformas e chegou a ordenar prisões sem julgamento prévio.

O texto considera que tais medidas garantiram a transição presidencial de 2023 e permitiram a abertura do processo contra o ex-chefe do Executivo, mas deixaram no ar uma “dúvida central” sobre o equilíbrio institucional. “Trata-se de uma guinada autoritária perigosa da mais alta corte do país ou de uma democracia imperfeita tentando conter uma ameaça autoritária na era da internet?”, questiona o artigo.

Críticas de juristas e preocupação com responsabilização

Ouvido pelo Times, o jurista Walter Maierovitch, ex-desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, apontou falhas no processo conduzido pelo Supremo. “Esses erros não apagam nem justificam a tentativa de golpe, mas não deveriam ser repetidos”, declarou.

A reportagem lembra que, no fim de 2024, servidores públicos, juristas e constitucionalistas passaram a demonstrar preocupação com a falta de mecanismos de controle sobre Moraes, que manteve poderes expandidos mesmo dois anos após Bolsonaro deixar o cargo. Atualmente, ressalta o jornal, tanto o governo federal quanto o próprio STF associam a defesa da democracia brasileira à atuação do ministro.

Interferência externa e pressão interna

O Times também cita uma carta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviada ao governo brasileiro. No documento, Trump classificou o julgamento de Bolsonaro como “caça às bruxas” e anunciou tarifas contra o Brasil. Além disso, Washington impôs sanções a Moraes com base na Lei Magnitsky.

No cenário interno, crescem as críticas ao Supremo, inclusive no Congresso. Apesar disso, o presidente do Senado afirmou ao jornal que não levará a plenário o pedido de impeachment de Moraes, embora senadores aleguem possuir votos suficientes para destituí-lo. Pesquisa Quaest mencionada pelo Times mostra que 46% dos brasileiros apoiam o impeachment do ministro, enquanto 43% são contrários.

Protestos previstos e expectativa de condenação

Movimentos de direita planejam manifestações em massa no dia 7 de setembro, Dia da Independência, para pedir o afastamento de Moraes e protestar contra o processo que envolve o ex-presidente.

Em Brasília, segundo o jornal, é forte a sensação de que Bolsonaro será condenado. A polícia reuniu, ao longo de quase dois anos, um volume considerado extenso de provas, e o próprio ex-presidente admitiu ter discutido formas de permanecer no poder, embora sustente que todas as alternativas analisadas estariam previstas na Constituição.

Para que Bolsonaro seja condenado, três dos cinco ministros que compõem o colegiado precisam votar pela culpabilidade. O Times considera esse resultado “altamente provável”, destacando que o grupo é formado por Moraes, por um ex-ministro da Justiça do presidente Lula e por um terceiro magistrado que advogou para o petista.

O julgamento está marcado para começar em 2 de setembro, sob grande atenção nacional e internacional.

Com informações de Gazeta do Povo

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