Tóquio – A Toyota Motor reduziu sua projeção de lucro para o ano fiscal que termina em março de 2026 após estimar que as novas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos provocarão um efeito negativo de 1,4 trilhão de ienes (cerca de US$ 9,5 bilhões) em seu resultado.
A maior montadora do mundo agora espera lucro operacional de 3,2 trilhões de ienes, abaixo da previsão anterior de 3,8 trilhões e aquém do consenso de analistas. A revisão foi divulgada na quinta-feira (data local).
Resultado trimestral
No primeiro trimestre do ano fiscal, a empresa registrou lucro operacional de 1,17 trilhão de ienes, recuo de 11% na comparação anual. O número superou a estimativa de mercado, que apontava 890 bilhões de ienes. Somente no trimestre, o impacto das tarifas alcançou 450 bilhões de ienes.
Pressão tarifária global
A nova previsão veio à tona com a entrada em vigor de tarifas mais amplas anunciadas pelo governo dos EUA. A Toyota havia indicado anteriormente um impacto de 180 bilhões de ienes apenas para abril e maio, mas o cálculo foi ampliado após avaliar todo o exercício fiscal.
A estimativa da montadora japonesa supera as previsões recentes de outras empresas do setor. A Ford calcula efeito líquido de US$ 2 bilhões, a Stellantis projeta redução de US$ 1,5 bilhão no lucro, e a General Motors estima exposição entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões.
Entre as concorrentes do Japão, as projeções são menores: Subaru (210 bilhões de ienes), Nissan (300 bilhões) e Honda (450 bilhões). Ainda assim, analistas lembram que a Toyota costuma adotar postura conservadora e avaliam que revisões na cadeia de suprimentos podem atenuar parte do impacto.
Efeito no mercado e alíquota de 15%
As ações da Toyota recuaram até 2,4% na Bolsa de Tóquio após o anúncio, encerrando o dia com baixa de 1,5%. As montadoras japonesas passaram a pagar tarifa de 15% sobre veículos exportados aos EUA depois de um acordo comercial firmado no mês passado, que também prevê um plano japonês de investimento de US$ 550 bilhões em território americano.
Imagem: David Dee Delgado via infomoney.com.br
A alíquota é inferior aos 25% adicionais que o setor temia, mas ainda há incerteza sobre os detalhes de implementação: descontos tarifários para União Europeia, Japão e Coreia do Sul continuam pendentes, o que mantém a cobrança mais alta até a formalização.
Vendas recordes e novos investimentos
Apesar da turbulência, a Toyota alcançou vendas globais recordes no primeiro semestre de 2025, impulsionada pela forte demanda por modelos híbridos. Foram 5,5 milhões de unidades entre janeiro e junho, alta de 7,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, com destaque para Estados Unidos, Japão e China. Para todo o ano, a empresa projeta comercializar 11,2 milhões de veículos no mundo.
Visando manter a produção doméstica em 3 milhões de unidades anuais, a montadora pretende erguer uma nova fábrica em Aichi, Japão, com início de operações previsto para o começo da próxima década.
Com informações de InfoMoney
